Se ocorrer, o depoimento de Carlinhos Cachoeira será o primeiro aberto desde que a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) começou a funcionar. E ainda que o contraventor decida permanecer calado, alguns parlamentares adiantam que vão respeitar o direito do depoente:
— Não interessa quem seja o depoente, temos de cumprir a Constituição. As pessoas no Brasil acham que a prova testemunhal resolve tudo. Mas não é assim. O que resolve são provas documentais — afirma o deputado federal Pedro Taques (PDT-MT), para quem o depoimento de Cachoeira não vai alterar a dinâmica da investigação.
O deputado Silvio Costa concorda com o colega:
— Ele tem o direito constitucional de ficar calado, e nós, da CPMI, temos o direito de convocá-lo a depor quantas vezes acreditarmos que é necessário — disse.
O primeiro depoimento ao vivo da CPMI do Cachoeira será transmitido pela TV Senado, e as imagens poderão ser retransmitidas por TVs abertas ou a cabo. Uma ocasião para que parlamentares tenham a chance de mostrar a seus eleitores que estão inquirindo, contestando, demonstrando interesse em esclarecer a verdade de mais esse escândalo.
A comissão que apura as ligações de Carlinhos Cachoeira com o mundo político e empresarial conta com parlamentares iniciantes em CPMIs desse tipo e outros com um currículo marcado por investigações importantes.
Alguns, como o senador Pedro Taques ou os deputados Fernando Francischini (PSDB-PR) e delegado Protógenes (PCdoB-SP), embora exercendo seus primeiros mandatos, têm experiência em lidar com questões criminais porque foram procurador de Justiça (Taques) ou delegados da Polícia Federal, respectivamente.
Outros, com alguns anos de mandato, como é o caso do senador Benedito de Lira (PP-AL) ou Ciro Nogueira (PP-PI), que já foram deputados, resumem suas participações a figurantes. Esse grupo, do qual outros parlamentares fazem parte, costuma ocupar as cadeiras, mas pouco se manifesta. (O Globo)