REDAÇÃO DO JORNAL DA MÍDIA
Salvador – O aumento das tarifas da travessia Salvador-Mar Grande, determinado por uma taxa de R$ 1 embutida no valor da passagem, concedida pela Agerba à concessionária Socicam, continua repercutindo na comunidade da Ilha de Itaparica. Depois das manifestações do último sábado, que suspenderam à tarde o serviço no Terminal Náutico da Bahia, o prefeito Antonio Magno (PT) também entrou na campanha dos moradores e colocou carros de som em Vera Cruz, para informar à população que é contra o aumento e que não vai aceitá-lo em hipótese alguma.
“Nós queremos a redução no valor da tarifa para travessia Salvador-Mar Grande, meia passagem para os estudantes que residem no município e estudam em Salvador e prioridade no transporte de servidores municipais e estaduais, bem como dos moradores da ilha”, afirmou Magno.
Ontem pela manhã, uma comissão dos manifestantes esteve na Agerba para pedir a suspensão da taxa de R$ 1 que a agência deu à Socicam. Segundo um integrante da comissão, Eduardo Pessoa, diretor da Agerba, assegurou que não irá suspender o aumento porque teria recebido “ordem superior” do governo. Ele aproveitou para convidar para uma visita da comissão ao ferry “Maria Bethânia”, na Base Naval de Aratu, que vai voltar ao tráfego como coisa de primeiro mundo. Espera-se que não quebre de novo, como todos os outros.
Nenhuma novidade – Novidade mesmo seria se a Agerba não recebesse “ordens superiores”, que tivesse autonomia para deliberar. Como é do conhecimento público, a agência de regulação é uma autarquia hoje tocada por interesses políticos e comandada por telefone pelo secretário de Infraestrutura, Otto Alencar. Seu papel atual parece se restringir à concessão de tarifas aos serviços públicos concedidos – transportes intermunicipal e hidroviário e pedágios das rodovias Estrada do Côco e BA-093. Tarifa de gás ela não calcula – apenas recebe a planilha da Bahiagás para “ter conhecimento”.
Em resumo: a atribuição da Agerba hoje é calcular três tarifas por ano, conceder os reajustes sempre acima da inflação e não divulgá-los, como aconteceu agora com a tarifa da travessia Salvador-Mar Grande. Os usuários foram surpreendidos no sábado, dia 1º de fevereiro, com a taxa adicional de R$ 1 embutida na passagem, sem qualquer aviso antecipado. Muitos não puderam embarcar.
Magno foi a Deus – Talvez por saber que a Agerba não tem autonomia é que o prefeito Antonio Magno, do PT, tenha tido a ”grande ideia” de, em vez de procurar a direção da agência de regulação, ir direto à Secretaria de Infraestrutura.
“Estivemos reunidos na Seinfra com o subsecretário Marcos Cavalcanti, no dia 7, e agendamos para o próximo dia 20, quinta-feira, um novo encontro, desta vez com o secretário Otto Alencar. Foi unânime a proposta de suspensão da taxa de utilização dos terminais (TUTE) cobrada pela Socicam, pelos gestores municipais da Ilha de Itaparica”, observou Magno. A essa proposta, o subsecretário Marcos Cavalcanti informou que a possibilidade de suspensão deve ser estudada, alegando que a empresa contratada para reformar os terminais precisa receber pelo serviço prestado.
Magno afirmou que não concorda com a taxa de R$ 1 cobrada pela Socicam, já que a população da Ilha não tem condições para absorver o valor atual de R$ 5,20 da tarifa. O prefeito de Vera Cruz aproveitou o momento para oficializar o interesse do município em administrar o terminal marítimo em Mar Grande.
A Socicam já tinha antecipado, em nota, que o terminal de Mar Grande também será administrado por ela futuramente.
“Acredito que temos condições de administrar melhor o terminal e oferecer mais benefício ao povo de Vera Cruz”, assegurou o prefeito Magno.
Sete anos e nada de dragagem – Marcos Cavalcanti disse, segundo o prefeito, que a prioridade da Seinfra é viabilizar a dragagem do canal do terminal de Vera Cruz para que a travessia Salvador-Mar Grande não seja interrompida no período de maré baixa, deixando a população sem transporte para Salvador.
Desde o início do governo Wagner, 2007, que foi feito um projeto de dragagem que até hoje (quase oito anos) depende de uma ”licença ambiental” para ser executado.
É possível que leve mais uns 10 anos para que ocorra a dragagem. É possível também que a licença ambiental venha da China e não do Inema. Será que a ponte Salvador-Ilha de Itaparica vai ficar pronta primeiro? Se para uma simples dragagem de uma bacia, que pode ser feita em apenas 60 dias, o governo não conseguiu êxito em sete anos…
Em tempo: é bom o governo recalcular imediatamente o novo prazo para inaugurar a ponte, agora fixado em 2020. Só lembrando: se valesse mesmo a promessa dos governantes, feita em 2009, a ponte Salvador-Itaparica teria sido inaugurada em dezembro do ano passado. Coisas da Bahia.
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