REDAÇÃO DO JORNAL DA MÍDIA
O secretário de Infraestrutura e vice-governador Otto Alencar anunciou que a empresa Internacional Marítima, de São Luís (MA), assumirá as operações do sistema ferryboat, que está sob intervenção do Estado desde setembro de 2012, na semana que vem. O contrato do Estado com a concessionária terá caráter emergencial e tem prazo de duração prevista de seis meses, até que o governo prepare a licitação pública visando contratar em definitivo, uma empresa para explorar a travessia Salvador-Bom Despacho.
Apesar de ser anunciada agora oficialmente a contratação da empresa maranhense, na prática a Internacional Marítima já está atuando no ferryboat desde o início da intervenção no sistema, ocorrido em setembro de 2012. Ela fez uma “parceria” com a Lumar, da Bahia, tanto na parte operacional como na reforma das embarcações, que ocorre na Base Naval de Aratu. Portanto, já tem todas as informações que precisa. O sistema ferryboat é altamente viável e não precisa de subsídios do governo, segundo garantiu inúmeras vezes o diretor-executivo da Agerba, Eduardo Pessoa, e a consultoria Fipecafi.
O vice-governador Otto Alencar não divulgou – e sequer comentou – o valor que será pago (o que já está sendo pago) à Internacional Marítima e muito menos os detalhes do ‘’contrato emergencial”. Vai continuar sendo um mistério. A empresa da terra do glorioso político-empresário José de Ribamar Ferreira de Araújo Costa, o glorioso Zé Sarney, senador da República, vai receber a frota do sistema totalmente reformada.
O Estado desembolsou perto de R$ 40 milhões para recuperar os navios para que a nova concessionária não encontre muitas dificuldades para fazer o ferryboat funcionar. Em 2005, quando assumiu o sistema também em ‘’caráter emergencial”, a paulista TWB recebeu os navios totalmente reformados e promoveu o sucateamento total da frota diante dos olhos do governo, que nunca fiscalizou a empresa.
Privilégio em Notícia Velha – Apesar de o secretário ter anunciado somente agora a chegada da Internacional Marítima, através de um jornal com quem Otto Alencar sempre manteve estreitas ligações políticas e de amizade, pertencente à família ACM, a notícia na verdade é velha. Mas, por que não se privilegiar o Correio da família Magalhães, dona da Rede Bahia? Algum problema? Tem o melhor IVC, desbancou A Tarde, botou a Tribuna na lanterna, tem TV Bahia, Globo, CBN e os cambaus! Ora, ora! O secretário é uma águia e quer voar mais alto.
Uma coisa ninguém pode falar do vice Alencar: ele não é só um bom médico ortopedista, mas também um expert da área de comunicação. Trata bem os coleguinhas da mídia, enrola todo mundo e só se publica na imprensa o que ele gosta. Olha aí o exemplo: ele afirmou que não sabe quanto a Internacional Marítima vai receber do Estado e ninguém foi atrás. Será que Otto Alencar não sabe mesmo quanto o governo, (Seinfra/Agerba), vai pagar pelo “contrato emergencial”? Alguém acredita nisso?
O prazo de uma semana para que a Internacional assuma o ferryboat, previsto para o dia 13 ou 14 próximo, é meramente burocrático. Nesse período de sete dias será providenciada a transferência dos empregados atuais do sistema ferryboat, ainda vinculados oficialmente à TWB, para a Internacional Marítima. Vai haver demissão? O secretário nega e não tem motivo nenhum para a nova empresa desempregar.
Mega Ponte – Demissões seriam um contracenso: iriam de encontro às afirmações do governador Jaques Wagner e à política do PT. Wagner já garantiu que não haverá desemprego no ferryboat e a Internacional Marítima, que também só ‘’vai ficar na Bahia emergencialmente”, não vai contrariar ninguém. Fora isso, 2014 é ano de eleição, é ano do mega projeto da ponte Salvador-Itaparica e o PT quer fazer o sucessor de Wagner., apesar de saber que Otto Alencar está comendo pelas beiradas, aparecendo, crescendo e com a boca cada vez mais aberta.
E mais: que ninguém se surpreenda, pois pode acontecer com a Internacional Marítima o mesmo que ocorreu com a TWB. O governo vai adotar a concessionária como uma nova afilhada, a empresa terá vinculo total, não será fiscalizada. Ou o prezado leitor acha que a Agerba vai fiscalizar a TWB, vai multá-la? Que ninguém se surpreenda se em breve o Dr. Otto Alencar e outras figuras aparecerem na mídia defendendo a Internacional, tentando justificar as prováveis falhas que virão, dizendo que “a demanda cresceu”, que os “ferries são velhos” e prometendo 10 navios no Verão que vem.
Foi assim com a TWB e com certeza tem tudo para continuar sendo com a empresa amiga de Zé Sarney. A TWB era parte do governo, trafegava livremente nos gabinetes de secretários, influenciava. O Governo da Bahia nem de longe sabe desempenhar o seu papel de agente regulador e fiscalizador. Nunca quis aprender por alguma conveniência.