CLÁUDIO HUMBERTO
O dia 10 de novembro será lembrado como aquele em que o presidente Jair Bolsonaro perdeu uma excelente oportunidade de ficar calado ou de controlar os dedos nervosos produtores de textos, nas redes sociais, que fazem mal principalmente a ele mesmo. Na mensagem, “deplorável” até pelos mais próximos e fiéis auxiliares, Bolsonaro comemora o que imaginava ter sido o “fracasso” da vacina chinesa, uma das esperanças contra a covid-19. O presidente pareceu mesquinho e sobretudo cruel.
ERRO GROTESCO
O pior é que o dia 10 acabou sem que Bolsonaro tenha se desculpado pelo erro grotesco de avaliação dos fatos que inspiraram seu comentário.
EU SOU O MÁXIMO
11/11/2020
No post, Bolsonaro pretendeu enumerar supostos males causados pela vacina (“morte, incapacidade” etc) e ainda se jactou de seu “acerto”.
VALE-TUDO, NÃO
Se se informasse, o presidente criticaria o governo paulista por esconder o óbito, talvez por razões eleitorais. Preferiu a barbárie do vale-tudo.
BEÓCIOS SÃO ESTÁVEIS
Ministros com gabinete no Planalto atribuem a “assessores da área de comunicação” ou ao filho Carlos, o post de Bolsonaro comemorando o suposto “fracasso” da vacina chinesa. Esperou-se o dia todo, em vão, que o presidente os desautorizasse. E até demitisse alguns beócios.
DESINFORMAÇÃO
A confusão sobre vacina chinesa ocorreu porque São Paulo escondeu a morte do voluntário, revelada só depois da interrupção dos estudos clínicos. Esconderam o óbito até da Anvisa, que demorou a reagir.
ODOR ELEITORAL
No Ministério da Saúde, a certeza é que o governo de São Paulo temia prejuízos à campanha de Bruno Covas, caso cumprisse o dever, como Oxford, de suspender os testes antes mesmo de a Anvisa ser informada.
PRESIDENTE FORA
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, comemorou os R$ 21,5 milhões liberados “pelo governo federal” para ajudar seu estado, o Amapá, a enfrentar o apagão. Não mencionou Jair Bolsonaro, claro.
CASO DE DESLEIXO
A imagem das pesquisas piorou com a impugnação do Datafolha sobre a eleição em São Paulo. Impressiona a fundamentação do juiz. Inclui até a falta de assinatura do estatístico responsável pela pesquisa.
ELEIÇÃO PELO CELULAR
Presidente do TSE, o ministro Luís Roberto Barroso disse que empresas devem apresentar um novo modelo de eleição digital, usando o celular. Segundo ele, a urna eletrônica é confiável, mas custa muito caro e “a cada dois anos temos que substituir 500 mil e isso custa R$700 milhões”.
EX-PARTIDO GRANDE
Arthur do Val, o Mamãe Falei do Youtube, começou a campanha para prefeito de São Paulo com apenas 1% nas pesquisas, e agora já tem 5%. Empatou tecnicamente com o petista Jilmar Tatto.
APOSTA NO SUCESSO
Na coletiva em que lançou o projeto de privatização do Porto de Itajaí (SC), o ministro Tarcísio Freitas (Infraestrutura) disse que não tem dúvidas que essa desestatização “será um projeto bem-sucedido”.
PENSANDO BEM…
…na briga entre Bolsonaro e Dória, perdem os dois e todos nós. A covid agradece.