O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública e ex-juiz federal Sérgio Moro afirmou que sua gestão não conseguiu avançar no combate à corrupção e alegou “falta de vontade política maior”, não só do Executivo, como também dos outros poderes.
“Acho que avançamos no combate ao crime organizado. Mas é necessário reconhecer que, no enfrentamento à corrupção, na agenda anticorrupção, ela não conseguiu avançar, por diversos fatores. Seja, basicamente, com a falta, na minha opinião, de uma vontade política maior. E aqui não falo apenas do poder Executivo, mas de outros poderes igualmente”, assinalou o ex-ministro.
De acordo com Sérgio Moro, aprimorar os mecanismos de combate à corrupção no país é necessário também para o crescimento e avanço da agenda econômica.
“O combate à corrupção tem que ser visto em cenário maior. Eu nunca dei uma sentença para condenar alguém por satisfação pessoal. Fiz porque era meu dever. Temos que pensar a Justiça não como algo divino, mas é um dos fatores que limam a produtividade da nossa economia”, completou.
Em live nesta quinta-feira (16) com empresários do Lide (Grupo de Líderes Empresariais), Moro também defendeu um mandato fixo para o diretor-geral da Polícia Federal e para o Procurador-Geral da República (PGR), cujos cargos são escolhidos pelo presidente da República: “Espero que haja vontade política para implementarmos as mudanças necessárias, ainda mais nesse momento da pandemia. Mas tenho minhas dúvidas a respeito.”
“Podemos pensar em ter mecanismos de proteção para a PF, para a Polícia Civil, a Procuradoria-Geral da República, é uma pauta antiga. Mas a minha opinião é que um mandato para o diretor da PF diminuiria essas situações de tensão. Temos que lembrar que não podemos contar com a virtude dos homens públicos em toda e qualquer circunstância. Precisamos ter mecanismos de restrições de decisões [de interferência do Executivo em cargos]”, completou o ex-ministro.
Fontes: G1 São Paulo / TV Globo / Tahiane Stochero e Wagner Vallim