Em entrevista à Globo News nesta terça-feira, o vice-presidente, Hamilton Mourão, ponderou as críticas feitas ao ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, mas disse que hoje o “principal problema” que salta aos olhos do mundo é a questão ambiental. De acordo com Mourão, que também é presidente do Conselho da Amazônia, Salles entrou para o “imaginário” de todos como o “inimigo número 1” da área, principalmente, após sua fala na reunião ministerial de 22 de abril.
“Eu não sou o tutor do ministro Ricardo Salles, mas hoje o principal problema que salta aos olhos do mundo é o problema ambiental. Mas não adianta a repressão, posso passar dez anos fazendo a repressão, mas se não colocar a economia sustentável lá dentro vamos continuar nessa briga ad eternum” — disse em referência às políticas para a região amazônica.
Questionado sobre a afirmação de Salles de que o governo tinha a oportunidade de “passar a boiada” e simplificar normas ambientais durante a pandemia, Mourão minimizou, mas afirmou que a frase converteu o ministro em inimigo da área.
“Quando o ministro Salles naquela reunião falou essa famosa história de passar a boiada, ele se referia a medidas infralegais de todos ministérios, questões de desburocratização que estão travadas. É óbvio que o ministro entrou no imaginário de todos como inimigo número 1 do meio ambiente, e na realidade ele não é isso. Como todos nós, às vezes comete algum erro. A visão dele é uma visão de preservação usando mais o lado da economia do que da repressão pura e simples” — afirmou.
De acordo com Mourão, os danos no meio ambiente não são de agora e não é possível colocar tudo na conta do atual ministro.
— Temos 18 meses de governo e não foram nesses 18 meses que a Floresta Amazônica foi desmanchada ou destruída. As questões do avanço do desmatamento e outras ilegalidades vêm de 2012 para cá, não é privilégio do governo Bolsonaro. Não negamos que ano passado houve aumento fora da curva dessas ilegalidades — argumentou.
O vice-presidente disse ainda que Salles entrou em conflito com a estrutura existente na pasta, o que atrapalha seu trabalho.
— O que acontece é que Ricardo Salles entrou em choque com a estrutura estabelecida dentro do ministério e toda vez que entra em choque com uma estrutura, com uma zona de conforto, que só consegue trabalhar de uma única forma, ocorrem essas idas e vindas. Vejo que o Ricardo está como a Geni, vamos tacar pedra no Ricardo. É o inimigo público número um do meio ambiente. Eu não vejo dessa forma — disse.