O secretário da Segurança Pública da Bahia, Maurício Barbosa, rechaçou as acusações feitas a partir de um vídeo que circula na Internet onde um corpo é apresentado como se fosse do miliciano Adriano da Nóbrega, morto em confronto. O vídeo foi divulgado pelo senador Flávio Bolsonaro.
Segundo Maurício Barbosa, , “a Secretaria da Segurança Pública da Bahia vai continuar com aquilo que nós começamos a fazer desde antes mesmo do dia do fato, que é o auxílio que nós prestamos à operação do Rio de Janeiro. [Vamos] agir com a máxima transparência, com a máxima intenção de ajudar instituições como o Ministério Público e a Justiça, e não trazer confusões e nem teorias políticas a respeito de um trabalho eminentemente policial”.
Em nota distribúida agora à noite pela Secretaria de Comunicação do Governo da Bahia, Barbosa destacou que o vídeo divulgado nas redes não é reconhecido como autêntico pela perícia baiana ou pela perícia do Rio de Janeiro. “As imagens não foram feitas nas instalações oficiais do Instituto Médico Legal. Então, nós temos a clara convicção de que isso é para trazer algum tipo de dúvida, de questionamento, a um trabalho que ainda não foi concluído. Eu reforço aqui o posicionamento das nossas instituições, a transparência com que estamos agindo e não vamos deixar que, por uma questão política, ou por qualquer outro motivo, qualquer outro interesse que esteja por trás disso tudo, venham trazer qualquer tipo de questionamento prévio, sem antes termos a conclusão da nossa investigação, das nossas perícias, e que o Ministério Público e a Justiça se posicionem quanto a isso”.
O secretário também ressaltou a necessidade de se resguardar a honra das instituições, Polícia Militar e do Instituto de Perícia Técnica, que vêm fazendo o respectivo trabalho. “Nós temos ainda um prazo para concluir a nossa investigação. Nós fomos instados a comentar o resultado da perícia, e foi claramente indicado pelo perito que não havia sinais de execução, nem sinais de tortura no corpo que foi avaliado”. Segundo ele, ainda há outras perícias a serem realizadas e outras pessoas estão sendo ouvidas pela autoridade policial. “O que nós queremos é dar continuidade ao trabalho sério de investigação que a nossa polícia já faz, sem nenhum tipo de indagação ou questionamento prévio antes da conclusão da autoridade policial”.
Disparo a curta distância e possível tortura
Fotos divulgadas pela revista “Veja” na edição que chegou às bancas na última sexta-feira (14) indicam que Adriano foi morto por disparos a curta distância. Imagens da autópsia também indicam que o miliciano tinha um ferimento na cabeça e uma queimadura no lado esquerdo do peito.
Em entrevista à imprensa, o presidente Jair Bolsonaro disse que uma perícia independente deverá dizer se Adriano foi torturado e de que distância os disparos foram efetuados.
“Pelo que tudo indica, a própria revista ‘Veja’ fez, a ‘Veja’ ouviu peritos, e os peritos estão dizendo ali que, pelo que tudo indica, o tiro foi à queima roupa. Então, foi queima de arquivo. Interessa a quem a queima de arquivo? A mim? A mim, não. O que é mais grave agora?”, questionou Bolsonaro, em referência à reportagem de “Veja”.
Nesta terça-feira, o senador Flávio Bolsonaro divulgou nas redes sociais imagens que ele diz ser do corpo de Adriano no IML e um texto.
Flávio escreveu: “Perícia da Bahia (do governo PT) diz não ser possível afirmar se Adriano foi torturado. Foram 7 costelas quebradas, coronhada na cabeça, queimadura com ferro quente no peito, dois tiros à queima-roupa (um na garganta de baixo para cima e outro no tórax, que perfurou coração e pulmões)”.