A tradição de fieis e visitantes em frequentar a Igreja do Bonfim na primeira sexta-feira do mês foi ainda mais especial hoje (4), com a entrega do Largo da Baixa do Bonfim completamente repaginado pela Prefeitura. A cerimônia de inauguração do novo espaço, que conclui a requalificação de toda a Colina Sagrada, contou com a presença do prefeito ACM Neto, acompanhado de demais autoridades e população, que acompanharam a missa campal ministrada pelo pároco da Basílica de Nosso Senhor do Bonfim, padre Edson Menezes.
Emocionado, o prefeito lembrou a entrega da primeira etapa do Largo do Bonfim inteiramente requalificada em janeiro e, nesta sexta-feira, foi a vez da Baixa do Bonfim completamente urbanizada, junto com mais dois novos equipamentos: as capelas das Velas e da Água Benta. Em breve, o conjunto de investimentos no local terá a conclusão da iluminação cênica de toda a região.
“Esse vai ser um destino ainda mais importante da religiosidade e da fé, principalmente com a canonização da Santa Irmã Dulce. Está em obras o chamado Caminho da Fé, que vai integrar o Santuário de Irmã Dulce com a Colina Sagrada e a Basílica do Bonfim pela Avenida Dendezeiros, e que a gente espera entregar no início de janeiro de 2020. Além da religiosidade e da fé, há também preocupação com o aspecto econômico, através da geração de emprego, e dinamização do turismo religioso, que faz parte da essência, história e cultura da cidade”, afirmou ACM Neto.
São 5 milhões de pessoas por ano que visitam a Bahia em nome da fé. E este número deve crescer muito porque Salvador, o principal destino de toda essa gente, terá mais duas atrações especiais: a canonização de Irmã Dulce, a primeira santa brasileira, e os investimentos feitos pela Prefeitura no segmento, sendo o mais recente deles a conclusão da requalificação da Colina Sagrada, entregue hoje (4).
Levando-se em consideração que cada um desses 5 milhões de turistas permanece ao menos dois dias no estado, a movimentação econômica do turismo religioso gira em torno de R$1,8 bilhão na Bahia. Isso porque cada um gasta, em média, R$182 por dia. Vale frisar que não estão computados aí os visitantes oriundos do interior baiano e que peregrinam por Salvador para fazer turismo religioso.
Dois dos mais importantes pontos frequentados por este tipo de turista são o Memorial Irmã Dulce, no Largo de Roma, e a Basílica do Senhor do Bonfim, na Colina Sagrada. Por isso, a Prefeitura está implantando o Caminho da Fé, um conjunto de intervenções urbanísticas que irá ligar esses dois pontos da Cidade Baixa através da requalificação total da Avenida Dendezeiros.
O percurso desse caminho é de 1,1 km e as obras devem durar 12 meses, com investimentos previstos de R$16,1 milhões provenientes de um convênio entre a Prefeitura, Ministério do Turismo e Caixa Econômica. O projeto foi concebido com intuito de priorizar o uso pelo pedestre, com ampliação dos passeios, implantação de novas faixas no nível da pista, itens de acessibilidade, nova pavimentação, fiação subterrânea, iluminação em LED, drenagem, paisagismo, novo mobiliário urbano com o uso de totens históricos explicativos e marcos religiosos.
Um dos extremos desse Caminho da Fé, a Colina Sagrada foi entregue nesta sexta (4) totalmente requalificada pelo prefeito ACM Neto. Com projeto elaborado pela Fundação Mário Leal Ferreira (FMLF), a segunda e última etapa da intervenção envolveu obras na Baixa do Bonfim e a implantação do novo Velário e da Casa da Água Benta. O novo Velário, por sinal, tornará o templo mais seguro, sobretudo para evitar incêndios. E a Casa da Água Benta também ganhou um painel de madeira de Bel Borba.
No entorno da basílica, as obras envolveram o redesenho da parte baixa, que ficou integrada aos arcos da Ladeira do Bonfim, com implantação de paisagismo, nova pavimentação e iluminação em LED, proporcionando ambiente mais seguro e agradável para a população.
O Mercado dos Arcos foi requalificado e o centro da Praça Euzébio de Matos ganhou um pequeno palco para realização de eventos pela comunidade. Nesse local, também foi construído um estacionamento público com baias para ônibus e vagas para vans e motocicletas. A ligação entre as partes alta e baixa da Colina Sagrada passa a contar com rampas e escadarias reposicionadas, seguindo o conceito de acessibilidade universal.
Etapas
A requalificação da Colina Sagrada, que em sua totalidade teve um investimento de R$14,3 milhões, foi realizada em duas etapas. A primeira delas foi concluída em janeiro passado e ocorreu na parte alta, com a ampliação da Praça do Largo e nova pavimentação. A Praça do Largo passou a ser interligada com as escadarias da basílica, passando uma sensação de continuidade, com piso em pedra portuguesa marcado por mosaico e grafismos.
Há cinco meses, foi entregue a restauração de parte do interior da Basílica do Senhor do Bonfim, cuja intervenção artística foi coordenada pela Prefeitura. O serviço de restauro incluiu a recuperação da capela-mor, cobertura, restauração do retábulo do altar-mor e do forro, escada atrás do nicho e instalações elétricas. Além disso, também foram restauradas as portas de acesso às sacristias, tribunas, molduras dos óculos do forro e pilastras decoradas.
A requalificação da Colina Sagrada tem como diretriz a preservação e valorização do Conjunto Arquitetônico, Urbanístico e Paisagístico da Colina Sagrada do Senhor do Bonfim, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Ao longo dos anos, a Igreja do Bonfim e entorno constituíram um importante ponto da identidade cultural baiana, de expressivo valor afetivo para os fiéis.
Obras no Santuário da Osid
Espaço de fé e religiosidade, que ajuda a contar um pouco da trajetória do Anjo Bom da Bahia, o santuário de Irmã Dulce também está sendo requalificado pela Prefeitura. As obras devem ser concluídas até o próximo dia 15, dois dias após a cerimônia de canonização da primeira santa brasileira, no Vaticano. Em Salvador, a celebração será em 20 de outubro, na Arena Fonte Nova.
As intervenções envolvem revisão da estrutura, da alvenaria, instalação hidráulica, elétrica e do forro. Serão feitos ainda serviços de revestimento, pintura interna e externa, além de melhorias no batistério e velário do santuário. Uma parte das obras será executada com recursos da Prefeitura, mas também haverá mobilização para angariar verbas junto à iniciativa privada.
Superintendente da Osid, Maria Rita Lopez Pontes demonstrou felicidade pela parceria com a Prefeitura, especialmente no momento em que a canonização de Irmã Dulce foi anunciada, estimulando um maior número de visitas de devotos brasileiros e estrangeiros. “Fomos pegos de surpresa com essa bela notícia. Tem um mundo de gente aparecendo. Turistas de todo o Brasil e de fora também. E a gente precisa acolher bem. A Bahia tem essa fama de ser muito hospitaleira, de acolher bem a todos. E Irmã Dulce também. Ela sempre acolheu com amor”, disse.
Vale lembrar que, em 2015, a Prefeitura executou obras na região do Largo de Roma que proporcionaram mais acessibilidade aos devotos com melhorias na pavimentação e ampliação de estacionamento.
Expectativa positiva do trade
Em âmbito nacional, o turismo religioso é responsável por movimentar 20 milhões de viagens em cerca de 300 destinos, gerando mais de R$ 15 bilhões por ano e sendo, inclusive, um grande incentivador de pequenos negócios e investimentos. Os dados são do Ministério do Turismo. E quando o assunto é religiosidade e fé, Salvador está na lista dos roteiros mais visitados.
Isso porque, além dos inúmeros terreiros, que também são pontos de atração turística, o município possui 372 templos católicos situados de ponta a ponta da cidade, sendo que muitos desses existem há séculos, revelando memórias e peculiaridades da devoção e fé aos santos. Ou seja, esses templos também são visitados por seu valor histórico e cultural, muitas vezes por pessoas que sequer são cristãs.
“Antes, o turismo religioso da capital baiana estava relacionado ao tradicional. Ou seja, muitos que vinham de fora para conhecer as praias, a gastronomia e a cultura local faziam questão de tirar um tempo para ir às igrejas. Desde o anúncio da canonização de Irmã Dulce, as agências de viagem, tanto de fora quanto as daqui, começaram a divulgar Salvador como destino religioso”, destacou o coordenador nacional da Pastoral do Turismo (Pastur), padre Manoel Filho.
O presidente da Federação Baiana de Hospedagem e Alimentação (Febha), Sílvio Pessoa, confirmou que há um aumento perceptível pela procura do turismo religioso católico desde a beatificação de Irmã Dulce. “Com a santificação dela, esperamos um crescimento exponencial desse que é um importante nicho de mercado. Outras cidades recebem centenas de milhares de pessoas e aqui não será diferente. A vinda desses visitantes será excelente para a economia e para a população, que vai poder gerar receita e renda vendendo lembranças, camisetas, artigos religiosos etc. Isto é, vamos fortificar a fé e ter um ganho financeiro também”, projetou.