REDAÇÃO DO JORNAL DA MÍDIA
Justamente no dia em que o Governo da Bahia publicou no Diário Oficial, mas sem nenhuma divulgação na imprensa, o aumento das tarifas da Internacional Marítima, empresa que explora o Sistema Ferry-boat, um navio da travessia Salvador-Bom Despacho não pode atracar, ontem (25), logo que chegou no Terminal de Bom Despacho, na Ilha de Itaparica. Aumento absurdo que contempla um serviço caótico e que só faz enriquecer aqueles que operam, exploram e não cuidam do patrimônio público.(Confira o vídeo ao final do texto)
Como acontece com muita frequência, a prancha de uma das gavetas apresentou problemas e os passageiros tiveram que ficar presos dentro da embarcação até que os “técnicos” da Internacional Marítima fizessem o reparo, que durou quase uma hora. Então, foi uma hora de espera, de transtornos para centenas de passageiros que viajavam de Salvador para Bom despacho.
Cenas como essas são rotineiras no Sistema Ferry-boat. Sem manutenção, os equipamentos do Estado estão se deteriorando. E o Estado não cumpre o seu papel de agente fiscalizador e regulador do serviço que ele concedeu. É bom lembrar que em 2011 o Estado teve que intervir no ferry-boat, na época explorado pela concessionária paulista TWB.
E uma das alegações que usou foi justamente a falta de manutenção dos equipamento pela TWB. Outro motivo: o péssimo serviço que a concessionária paulista estava prestando à população.
Nada Mudou no Velho Ferry – E alguma coisa mudou? Não. O serviço da travessia Salvador-Bom Despacho continua caótico, causando quase que diariamente problemas para quem precisa da travessia. O patrimônio público está cada vez mais deteriorado e o governo não fiscaliza. O quadro de hoje é o mesmo -ou pior – que o de ontem quando o governo fez a intervenção.
Isso mesmo. A Agerba, a agência estadual encarregada de fiscalizar a Internacional Marítima, simplesmente fecha os olhos e ninguém sabe qual é o motivo. Para se ter ideia, os fiscais da Agerba se escondem quando são procurados nos terminais por usuários insatisfeitos. Eles não querem se comprometer, têm medo de represálias, e quando multa a Internacional sabe que não resolve nada. A empresa recorre da multa e fica por isso mesmo.
Dinheiro Público em Serviço Privado – Desde que decretou a intervenção no ferry-boat e passou o serviço para a Internacional Marítima, por um período de 25 anos, o Governo do Estado só fez despejar dinheiro público no negócio ferry-boat, mesmo com o serviço sendo operado por uma empresa privada.
São muito mais que R$ 150 milhões investidos com “reformas” de navios e compra de embarcações (duas) da Grécia, com a intermediação de um agente português que operava sua empresa em um salão de beleza em Lisboa. Suspeita de superfaturamento de R$ 20 milhões, denunciada ao Ministério Público pelo conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, Pedro Lino, e que não resultou em nada.
O serviço prestado pela Internacional Marítima é de baixíssima qualidade, apesar de o Governo do Estado, em sua propaganda tamanho G, sem nenhuma pena de gastar com publicidade, tentar passar para a população que a situação melhorou. Só melhorou para quem usa helicóptero, mas não para aqueles que precisam utilizar diariamente a travessia.
O caótico ferry-boat merece até a instalação de uma CPI na Assembleia Legislativa da Bahia. No Ministério Público da Bahia, existem dezenas de denúncias e processos que rolam, rolam, mas que de lá não saem. Os deputados deveriam se interessar mais pelo tema e investigar com determinação o que acontece no sistema e na relação Agerba – Internacional Marítima.
Como diz o ditado: debaixo desse angu tem muita carne. E como tem!
ASSISTAM NO VÍDEO ABAIXO DA TV BAHIA RELATO SOBRE O PROBLEMA ONTEM NO FERRY-BOAT
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Empresária acusa a Agerba de liberar outorga de R$ 5 milhões para a Internacional Marítima
- Diretor da Agerba detona a Internacional Marítima: “É uma m..da pior que a outra”.
- Empresa que vendeu navios por R$ 56 milhões ao governo da Bahia funciona em um salão de beleza
- Governo da Bahia teria pago R$ 19 milhões a mais pelos navios usados da Grécia
- Dono da Internacional Marítima, empresa do ferryboat, está envolvido no escândalo das urnas do Maranhão.
- Português vendeu ao governo da Bahia navios que não eram dele, afirma conselheiro Pedro Lino, do TCE.