O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, sugeriu abertura de investigação para apurar suposto pagamento de mesada da Odebrecht a Frei Chico, um dos irmãos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A acusação está amparada nas delações premiadas dos ex-diretores da empreiteira Hilberto Mascarenhas Alves da Silva Filho e Alexandrino de Salles Ramos Alencar. Segundo ele, a mesada era paga em dinheiro e eram de conhecimento do ex-presidente. Segundo reportagem do jornal O Globo desta quarta-feira (12) sugestão de Janot foi enviada pelo ministro Edson Fachin, relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), para a 13ª Vara Federal de Curitiba, onde tramitam duas investigações contra Lula.
“Relatam os colaboradores o pagamento, por parte do Grupo Odebrecht, de uma espécie de “mesada” em favor de José Ferreira da Silva (Frei Chico), irmão do ex-Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Narram os executivos que tais pagamentos eram efetuados em dinheiro e contavam com a ciência do ex Presidente da República, noticiando-se, ainda, que esse contexto pode ser enquadrado “na mesma relação espúria de troca de favores que se estabeleceu entre agentes públicos e empresários”, e o pagamento pela Odebrecht em favor do Partido dos Trabalhadores (PT) e do próprio ex-Presidente da República já são investigados no âmbito da Justiça Federal do Paraná”, diz Fachin na decisão de mandar a petição de Janot para o juiz Sérgio Moro, em Curitiba.
Segundo o Ministério Público, Emílio Odebrecht e Alexandrino Alencar contaram em delação que pediram ao ex-presidente Lula, quando Dilma Rousseff já era presidente, ajuda para “melhorar a relação” entre a Odebrecht e a petista. Lula se comprometeu a ajudar, mas pediu em troca que a empreiteira ajudasse um novo negócio de seu filho caçula, Luís Cláudio Lula da Silva, chamado de “projeto “Touchdown”, associado à criação de liga de futebol americano no Brasil”. Os delatores mencionam inclusive uma reunião entre Luís Cláudio e representantes da Odebrecht onde o filho de Lula apresentou o projeto à empresa.
Em outra petição envolvendo o ex-presidente, o MP relata que, em delação, Marcelo Odebrecht pediu a Lula para usar sua influência para favorecer a empresa em seus negócios em Angola. O documento não detalha que tipo de ajuda o ex-presidente de fato deu à empreiteira.
Retribuição – Emilio e Marcelo Odebrecht, relataram à Procuradoria-Geral da República (PGR) o pagamento de vantagens ao ex-presidente “como retribuição a favorecimento da companhia”. Entre os agrados destinados ao ex-presidente estão reformas em um sítio em Atibaia (SP), compra de imóveis para uso pessoal e para a instalação do Instituto Lula e pagamentos de palestras.
Os termos da delação foram remetidos para a Justiça Federal do Paraná pelo ministro Edson Fachinl, a pedido da PGR. Isso porque Lula não tem mais foro privilegiado desde que deixou a presidência da República. A PGR destacou ainda que as condutas relatadas pelos executivos da Odebrecht já vêm sendo apuradas naquela instância. Cópia do material também será remetida ao Ministério Público Federal em Curitiba.