No último dia de trabalho antes do recesso no Judiciário, o Supremo Tribunal Federal (STF) deve receber a documentação dos acordos de delação premiada de 77 executivos e ex-executivos da Odebrecht. O material será encaminhado ao ministro Teori Zavascki, relator da Operação Lava-Jato no STF. Somente o ministro, assessores e juízes da equipe dele terão acesso ao conteúdo — mais de 800 depoimentos —, que ficará trancado em uma sala no terceiro andar do Supremo.
No meio político, a delação da Odebrecht, acertada no início deste mês, é tida como a de maior potencial para provocar impacto nas investigações. Os executivos da empresa, que foram ouvidos individualmente nos últimos dias, teriam citado cerca de 200 nomes de políticos de diversos partidos. Uma pequena parte da delação do executivo Cláudio Melo Filho foi vazada, o suficiente para envolver nomes importantes da República, como o presidente Michel Temer (PMDB), o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o ex-governador da Bahia Jaques Wagner, Geraldo Alckmin, governador de São Paulo e José Serra, ministro das Relações exteriores. Aparecem também o ex-ministro da Secretaria de Governo de Temer, Geddel Vieira Lima e o líder do governo no Senado, Romero Jucá. O delator cita no depoimento 54 políticos, que considera “estratégicos.”
além de vários ministros e parlamentares.
Com os depoimentos em mãos, caberá ao ministro Teori Zavascki ouvir os delatores ou seus advogados para saber, por exemplo, se eles foram coagidos ou pressionados a delatar. Também poderá devolver parte do material a Janot caso ache que ele deva ser complementado. O mês de janeiro é de recesso no STF, mas o relator poderá usar esse tempo para adiantar os trabalhos. Caso Teori homologue os acordos, a Procuradoria-Geral da República poderá prosseguir com as investigações, usando os depoimentos para embasar novas investigações.