O ex-presidente da OAS José Aldemário Pinheiro, conhecido como Léo Pinheiro, afirmou que o governo da presidente Dilma Rousseff (PT) estava preocupado com a repercussão da CPI da Petrobras, segundo relato do então ministro Ricardo Berzoini.
De acordo com Léo Pinheiro, a preocupação foi compartilhada em um encontro na casa do ex-senador Gim Argello (PTB-DF), em Brasília. Além do ex-senador, do ex-ministro e do ex-presidente da OAS, também participou do encontro o ex-senador Vital do Rêgo (PMDB-PB).
“O ministro relatou que era uma preocupação muito grande do governo da presidente Dilma o desenrolar dessa CPI e que gostaria que as empresas, o quanto possível, pudessem colaborar para que essas investigações não tivessem uma coisa que prejudicasse o governo”.
Léo Pinheiro é réu em ação penal da 28ª fase da operação e responde por corrupção ativa, corrupção passiva, lavagem de capitais e obstrução à investigação. O ex-presidente da OAS é acusado de pagar propina para o ex-senador Gim Argello com objetivo de não ser convocado para a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da Petrobras, em 2014. Vital do Rêgo era o presidente da CPMI da Petrobras, e Gim Argello vice-presidente.
“Eu tive a clara impressão, após essa reunião, no instrumento de pressão: a presença de um ministro de Estado, que não é fato normal na casa de um senador e com a presença de um empresário de uma empresa que está sendo investigada”, afirmou o ex-presidente da OAS.
Conforme Léo Pinheiro, depois que Ricardo Berzoini saiu, os então senadores explicaram que existia um “mecanismo de condução de CPI”, como um calendário de reuniões, entre os exemplos citados. “Havia toda uma metodologia para que não se chegasse às investigações que o MPF e a Justiça chegaram”.
A declaração de Léo Pinheiro foi feita nesta terça-feira (13) durante interrogatório na Justiça Federal, em Curitiba, conduzido pelo juiz federal Sérgio Moro, que é responsável pelos processos da Operação Lava Jato na primeira instância.
Léo Pinheiro voltou a ser detido pela Lava Jato no dia 5 de setembro. A prisão preventiva do empresário foi decretada por Sérgio Moro. Segundo o juiz, o ex-presidente da OAS agiu para obstruir investigações relacionadas às irregularidades descobertas na Petrobras. O empreiteiro já tinha sido preso na 7ª etapa da operação, em novembro de 2014.