Maior artilheira da história do torneio olímpico feminino, com 14 gols, Cristiane é a dúvida que perseguirá o treinador Vadão e a comissão técnica até o início da tarde desta terça-feira (16.08), quando o Brasil entra em campo no Maracanã para enfrentar a Suécia na semifinal dos Jogos Rio 2016. Nesta segunda (15.08), no Centro de Futebol Zico, já no Rio de Janeiro, a atacante realizou testes físicos e treinou com o grupo, mas ainda não há decisão sobre a escalação de Cris.
“Neste momento, jamais poderemos afirmar que a Cristiane estaria 100%. Fizemos todos os esforços, dois exames de imagem, hoje treinou, não na mesma intensidade das companheiras, e não sentiu nada. Vamos esperar ate o momento da partida. Ou arriscamos e a colocamos, ou entramos com outra equipe e fatalmente ela estaria em uma condição melhor para a final. Mas, para jogar a final, temos que passar pela Suécia. Estamos numa encruzilhada, vamos esperar até amanhã de manhã para definir isso”, disse o treinador.
Cristiane lesionou a coxa direita exatamente na partida contra a Suécia na primeira fase do torneio, quando o Brasil venceu por 5 x 1, com um gol da artilheira. O triunfo, para Vadão, já é passado. “Foi um resultado surpreendente, não a vitória, mas vencer por 4 gols de diferença. É uma coisa atípica em se tratando da qualidade da equipe sueca, tanto que eliminou os Estados Unidos, um dos favoritos”, afirmou o técnico.
Se Cristiane ainda é uma interrogação, Fabiana está praticamente descartada. A lateral torceu o tornozelo direito no jogo contra a Austrália, na sexta-feira (12.8), pelas quartas de final. A partida foi vencida nos pênaltis, com destaque para a goleira Bárbara, que pegou duas cobranças. Entre as brasileiras, a única a errar foi exatamente a craque Marta. O episódio, segundo Vadão, uniu ainda mais a equipe. “Ela tem muito prestígio entre as atletas, pela jogadora que é, e pela pessoa que é. Houve uma comoção de todos nós, e aquilo acabou fortalecendo ainda mais o grupo de atletas”, contou.
A partida contra a Suécia está marcada para 13h desta terça. Desde os 120 minutos de jogo contra a Austrália na sexta, a hidratação e a recuperação física têm sido prioridades, mas Vadão lembrou que a Suécia também enfrentou prorrogação no mesmo dia, quando eliminou os Estados Unidos nos pênaltis. A previsão, segundo o Climatempo, indica sol entre nuvens no momento do jogo.
Apoio e pressão – A boa campanha apresentada pela seleção feminina fez crescer o apoio à equipe. Para nacionalizar ainda mais a empolgação com Marta e companhia, além dos dois jogos no Engenhão, o caminho do Brasil passou por Manaus ainda na primeira fase, no último dia 9, e por Belo Horizonte, na emocionante partida contra a Austrália. O carinho, entretanto, vem junto com o aumento da pressão pela medalha.
“Antes de vir para o Rio, tivemos a última dinâmica com o nosso psicólogo. A pergunta dele para as atletas foi: “O que é que pode interferir em termos de pressão fora e dentro do grupo?’ Estamos conscientes que, a cada passo, a cobrança pela medalha de ouro seria maior, porque o futebol feminino necessita de afirmação no país”, disse.
A comparação com o desempenho do futebol masculino também vem sendo marcante, algo que Vadão condena. “O masculino não venceu os dois primeiros jogos e aquilo gerou uma comparação de que nós não gostamos. As meninas sempre mandam mensagem para os meninos e vice-versa, a gente vive em harmonia. Mas, como o masculino também avançou e se recuperou, entendemos que a comparação vai diminuir. Já a pressão pela medalha vai aumentando, até pela euforia que estamos vivendo”, afirmou.
A semifinal será realizada no Maracanã, assim como a decisão, marcada para sexta-feira (19.08). Jogar em uma arena tão icônica, em um momento em que o futebol feminino está em evidência no país, é mais uma um estímulo para a seleção. Será a primeira vez que Vadão comandará as meninas no estádio. “É o palco mais famoso do mundo, tem uma história, faz parte da cultura brasileira. Estrear no Maracanã nos deixa mais motivados”, disse.