Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo desta segunda-feira (8) O Ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, afirmou que o presidente interino, Michel Temer, não tem “pauta ou assunto” para tratar com a presidente Dilma Rousseff ou com o ex-presidente Lula após a impeachment – que ele já considera fato consumado.
“Conversar sobre o quê? Eles voltaram ao sectarismo anterior com o discurso do golpe. Essa conversa se dará no Congresso Nacional, na negociação política entre líderes da base aliada de projeto a projeto. Não vejo razão para conversar”, declarou. “Não é que [Temer] não conversará de forma preconceituosa. É que não tem pauta ou agenda para conversar”, acrescentou.
Ele negou também que o governo interino tenha participação na articulação com o Congresso para que o processo de cassação de Eduardo Cunha ocorra depois da conclusão do impeachment, argumentou que o líder do governo na Câmara, André Moura (PSC-SE), alvo de inquérito por tentativa de homicídio, é apenas investigado, e não condenado, e ressaltou que Temer não se envolverá nas disputas municipais desse ano. (Brasil 247)
Trechos da entrevista de Geddel à Folha:
A fatura do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff está liquidada?
Eu acho que isso já está definido. O meu sentimento é que hoje o impeachment faz mais de 60 votos a favor do relatório aprovado pela comissão especial do Senado.
Caso Dilma Rousseff seja de fato afastada, o governo federal chamará a petista para conversar?
Conversar sobre o quê? Eles voltaram ao sectarismo anterior com o discurso do golpe. Essa conversa se dará no Congresso Nacional, na negociação política entre líderes da base aliada de projeto a projeto. Não vejo razão para conversar. A não ser que tenha uma manifestação de líderes da oposição que gostariam de abrir um canal com o governo no sentido de pautas para o país.
Há uma avaliação de que seria melhor para o governo interino que a votação da cassação de Eduardo Cunha ocorra depois do processo de impeachment de Dilma Rousseff para evitar uma eventual retaliação do peemedebista.
Oposição que não faz acusação não tem papel, tem de fazer isso mesmo, ficar especulando. Em ano eleitoral, infelizmente ainda tem muita gente que gosta de fazer escada em cima da desgraça dos outros. E isso é para aparecer para as suas bases eleitorais.
Desgraça com quem?
No caso específico, com o Eduardo Cunha, se é sobre ele que eles estão falando. O governo interino não tem participação nisso. Esse é um problema da Câmara dos Deputados. É difícil manter quórum elevado na Câmara dos Deputados e no Senado Federal quando se tem um processo eleitoral em curso. Isso serve para os assuntos de interesse do governo federal como também para o eventual processo do Eduardo Cunha.