Sumaia Villela
Correspondente da Agência Brasil
A Polícia Civil de Pernambuco desarticulou um esquema de venda de uísque falsificado que abastecia boates e bares do Recife. Uma distribuidora clandestina do produto, localizada na cidade vizinha de Jaboatão dos Guararapes, fazia a falsificação e revendia para bares e boates da zona sul da capital pernambucana, além de autoridades locais.
A operação ocorreu na última sexta-feira (9), mas só foi divulgada hoje (11) pela polícia. O esquema foi descoberto depois que a corporação recebeu uma denúncia de entrega a uma das boates abastecidas pelos produtos falsificados, por volta das 15h30. Ao chegar ao local, os policiais civis conseguiram interceptar o vendedor no momento da entrega. A encomenda era de 20 garrafas de uísque da marca Johnnie Walker Red Label, vendida à boate por R$ 59 a unidade, enquanto no mercado legal custa cerca de R$ 100.
O vendedor relatou à Polícia Civil que trabalha de forma independente, revendendo as garrafas da distribuidora a uma série de clientes. O homem levou os agentes ao estabelecimento em que entregou os produtos. A distribuidora sequer tinha sede legal, funcionava em uma casa em construção, onde eram armazenadas de forma desordenada e em péssimas condições de higiene mais de 3 mil garrafas de uísque, a maior parte vazia. Vídeos apresentados pela corporação mostram embalagens e recipientes de vidro de várias marcas, como Johnnie Walker, Old Parr e Logan.
No lugar do líquido original, as garrafas eram preenchidas com uma mistura à base de uma marca de bebida nacional chamada Old Red, de valor bem inferior ao dos outros rótulos. As apreensões incluíram uma garrafa de Johnnie Walker Green Label , que custa mais de R$ 500 no mercado. Várias caixas de água mineral com prazo de validade vencido também foram encontradas na casa.
O que chamou a atenção dos agentes que atenderam a denúncia foi a forma de falsificação dos dispositivos de segurança que atestam a procedência das garrafas. Em uma primeira avaliação, não foi possível perceber diferenças entre o produto falso e o original, mas um detalhe acusou a atividade ilegal, de acordo com o delegado titular da Delegacia de Boa Viagem, Carlos Couto: “Os lacres, em vez de conter micropontos [forma de fixação das tampas pelos fabricantes], continham resquícios de cola. Inclusive ao abrir uma das garrafas ficou cola nas nossas mãos”, conta.
As bebidas abasteciam bares, restaurantes e boates principalmente da zona sul do Recife, onde eram comercializadas como produtos originais. Anotações apreendidas no estabelecimento registram transações feitas há pelo menos seis meses, e uma lista de pessoas físicas – autoridades do Judiciário e do Legislativo, por exemplo – e jurídicas figuram nos papéis.