Douglas Corrê
Repórter da Agência Brasil
A capital fluminense enfrenta hoje (8) diversos problemas devido à greve dos rodoviários do município do Rio. Os pontos de ônibus permanecem lotados, piquetes foram montados em diversos pontos da cidade e muitos coletivos estão sendo depredados por manifestantes que repudiam os colegas de trabalho por não terem aderido ao movimento grevista.
Na Avenida Brasil, principal ligação das zonas norte e oeste ao centro da cidade, um motorista acelerou em direção ao piquete e feriu dois manifestantes próximo à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em Manguinhos, na zona norte. Cinco pessoas foram detidas, entre elas, o motorista do carro. Há piquetes na Avenida Brasil também perto da Parada de Lucas, na zona norte.
m Realengo, na zona oeste do Rio, um ônibus teve o retrovisor quebrado por um homem que seguia o coletivo em um carro. Na Cidade de Deus, em Jacarepaguá, rodoviários montaram piquetes e interditaram trechos de acesso à comunidade. Um grupo interdita a pista lateral da Avenida Ayrton Senna em direção a Barra da Tijuca. Piquetes também foram montados na Avenida Marechal Rondon, principal ligação entre o Méier e o bairro do Maracanã, na zona norte.
O corredor expresso BRT Transoeste está com o trecho entre Santa Cruz e Campo Grande, bairros da zona oeste, fechado por motivos de segurança.
O engenheiro Rodrigo Brandão disse que saiu de madrugada de casa e os pontos de ônibus estavam cheios, mas sem veículos circulando. “Saí de casa por volta das 5h. Fiquei 20 minutos no ponto, e não havia passado o ônibus que geralmente passa no horário. Tive que caminhar para pegar a van, que estava superlotada. Observei que na rodoviária de Campo Grande não havia nenhum ônibus e a única opção era o trem.”
A técnica de enfermagem Adriana Oliveira se atrasou para levar a sua filha de 15 anos ao médico devido ao longo engarrafamento na Avenida Dom Hélder Câmara, na zona norte do Rio, e a demora para conseguir entrar em um ônibus. “Saí de casa às 6h40. Peguei o ônibus 40 minutos depois. Congestionamento horrível. Demoro só 40 minutos da minha casa até o hospital, hoje já estou levando mais de uma hora.”
O vice-presidente da Rio Ônibus, Otacílio Monteiro, que representa o sindicato patronal, considerou a greve puramente “política”. Segundo ele, os grevistas montaram carros de som e piquetes em vários pontos da cidade. Otacílio Monteiro disse que somente a empresa de ônibus Jabour, em Realengo, teve 60 ônibus depredados e a Pavunense, 11. “Essa é uma atitude criminosa porque você não sabe com quem negociar.”
Otacílio Monteiro disse que os ônibus são responsáveis por 80% do transporte de passageiros. São transportadas 3,5 milhões de pessoas por dia, além de 900 mil que têm direito a gratuidade, como idosos, estudantes, deficientes físicos e doentes crônicos. “Nós antecipamos o acordo coletivo em dois meses, com a retroatividade a 1º de abril. O ganho real dos rodoviários chega a 11,6%, além do reajuste de 40% na cesta básica. É o maior aumento pago em todo o território nacional. Isso é péssimo para o Rio de Janeiro, principalmente com a proximidade da Copa do Mundo.”