REDAÇÃO DO JORNAL DA MÍDIA
Janeiro, fevereiro, março…abril…maio! E nada. Nada dos ferries usados comprados pelo governo da Bahia na Grécia chegarem à Bahia.Todos os prazos queimados. E a novela deve continuar com capítulos impressionantes daqui para a frente. A última promessa foi feita pelo vice-governador Otto Alencar, há um mês. Ele garantia na época que os navios “Zumbi” e ”Dorival Caymmi” estariam servindo aos baianos na Semana Santa e toda a mídia acreditou. Teve até jornal diário que estampou em manchete “Novos ferries chegam em abril”, e nem se tocou com o equívoco de garantir para os leitores que os navios eram “novos”, quando na verdade têm cinco anos em operação.
Segundo informa o diretor-executivo da Agerba, Eduardo Pessoa, a população pode confiar agora: em junho, mais precisamente no São João, os navios estarão operando na travessia Salvador-Ilha de Itaparica.
”Tudo depende da liberação da segunda parcela do valor das embarcações: 55% de R$ 54,9 milhões. Desse total, só foi paga a primeira parcela, equivalente a 10% do valor. O Banco do Brasil vai nos dizer se a documentação que entregamos foi aprovada. A partir daí, o dinheiro será entregue e os barcos podem vir”, afirma Eduardo Pessoa, segundo matéria do jornal Correio.
Prazo já acabou – Se o contrato de compra e venda fosse cumprido à risca, as embarcações teriam que estar na Bahia no méximo até o dia 6 de maio, que é quando termina o prazo de seis meses previsto em uma das cláusulas do contrato, que foi assinado dia 6 de novembro de 2013. A questão da liberação do dinheiro pelo Banco do Brasil já teria sido superada, segundo informou uma fonte da Seinfra ao JORNAL DA MÍDIA.
Quem vai receber – ou já recebeu o montante inicial de cerca de R$ 30 milhões é a empresa Happy Frontier, que tem sede em Portugal, mas que na verdade não é a proprietária das duas embarcações da Grécia. Há quem garanta que, por isso mesmo, por não ser dona dos barcos, a transação é irregular. “A Happy Frontier não tem capital para fechar esse tipo de negócio. É irregular, sim, revela um armador ao JM”.
Com irregularidade ou não, a Agerba divulgou, através do diretor Eduardo Pessoa, conforme ainda o Correio, o fabuloso plano para deslocamento das duas embarcações da Grécia até à Bahia. Depois que os ferries saírem do Porto de Pireus, na Grécia, devem demorar 25 dias para chegar ao Brasil. “Pode demorar um pouco mais, porque eles ainda vão parar em Dakar (Senegal) para reabastecer suprimentos. Para voltar à viagem, o tempo tem que estar bom”, observa Pessoa. De Dakar, os ferries seguem para Natal (RN), até chegar em Salvador.
“Zumbi” vem à frente – Trata-se de uma operação de “alta complexidade”. Fala-se que o “Zumbi” zarpa primeiro, com o “Caymi” pouco atrás. Quando chegarem ao Brasil, a terceira parcela do valor da compra, de 25%, deve ser paga. Os 10% restantes só serão quitados depois que a tripulação terminar um treinamento de 120 dias. “Quando eles chegarem, vamos fazer uma revisão geral, para que eles entrem em operação. Isso deve levar, no máximo, 10 dias”, conta Pessoa, sem dizer quem é que vai fazer a “revisão”. Espera-se que não seja o mesmo grupo que “reformou” os navios atuais do sistema, com R$ 50 milhões do Estado. Todos quebraram em menos de um mês.
Assim, segundo ainda Eduardo Pessoa, no início de junho, os ferries já devem fazer a travessia dos passageiros, a tempo de ajudar o ”transporte de turistas na Copa do Mundo. No São João, eles já estão operando”, garante Pessoa. Coitado dos turistas!
Quem vai operar e faturar toda a receita do “Zumbi” e do “Caymmi” é a concessionária Internacional Marítima que, como é do conhecimento geral, disputou sozinha a concorrência para explorar a travessia Salvador-Ilha de Itaparica. A empresa é do Maranhão, terra dos Sarneys, e em mais de um ano na Bahia presta um serviço tido como infinitamente inferior ao da TWB, que o governo da Bahia tirou do sistema.
Dos seis navios da frota, só três ou quatro funcionam. Às vezes são só dois. As queixas são as mesmas: poucas embarcações em tráfego, horários atrasados, filas, poucos guichês para venda de passagens de pedestres, terminais marítimos completamente abandonados, entre outras. Mas dizem que junto com a chegada do “Zumbi” o governo prepara um “pacotaço” de novidades para o sistema ferryboat. Ele (o pacotaço) virá junto com a propaganda gratuita na TV e no rádio das eleições 2014. É bom lembrar aos desavisados: a Internacional Marítima não é uma empresa estatal, mas é assim que é tratada pelo governo da Bahia. Para ela é tudo 0800.