LUÍS AUGUSTO GOMES
A importância que vem sendo dada à posição do PDT da Bahia no processo sucessório estadual pode ser medida pelo telefonema que o presidente nacional, Carlos Lupi, recebeu ontem do ex-presidente Lula, justamente quando estava reunido com membros da Executiva Regional.
Possivelmente informado das dificuldades que começam a se propagar no situacionismo na Bahia, quarto colégio eleitoral do país, com sérios reflexos para a reeleição da presidente Dilma, o ex-presidente considerou indispensável interferir nas negociações.
“Lupi não entrou em detalhes”, disfarçou um dos participantes, “mas deixou claro que é uma questão aberta e que ele conversa também com a oposição. Ele até ia tomar um cafezinho ainda ontem com o prefeito ACM Neto”, que, segundo a fonte, estava em Brasília.
O cenário é plenamente compatível com o desenho que se capta na Assembleia Legislativa, onde, a partir da preterição de Marcelo Nilo na chapa majoritária do governo, sugere-se a existência de um movimento que poderá resultar não apenas no apoio a outra candidatura, como também na alteração da correlação de forças na Casa.
Apoio a Wagner é desejo antigo de Félix – O encontro de Brasília não teve presença unânime. Compareceram os deputados Félix Mendonça Júnior, Marcelo Nilo, Oziel Oliveira, Paulo Câmera, Roberto Carlos e João Bonfim. Não arredaram o pé da Bahia o secretário-geral, Alexandre Brust, o deputado Euclides Fernandes, o vereador Odiosvaldo Vigas e o ex-deputado Severiano Alves.
Terminou não dando em nada a disposição de definir a posição do partido, que, pela vontade de Félix Jr., já teria declarado apoio ao candidato do PT desde o ano passado, muito antes de ser anunciado o nome do secretário Rui Costa. Agora, especialmente por causa do papel assumido por Nilo, a decisão foi adiada.
O aspecto principal, destacou a fonte, é que “Lupi recebeu a delegação para decidir”, o que poderá acontecer em maio ou “depois da Copa”, que, como se vê, substitui excepcionalmente o Carnaval como referência do calendário político. O histórico das relações de Lupi com Dilma, pessoalmente, não é boa recomendação.
Ainda não é hora de “pular do barco” – Um deputado com trânsito entre as personalidades que polarizam o quadro do PDT baiano, deputados Marcelo Nilo e Félix Júnior, entende que o partido não deixará o governo para apoiar um candidato da oposição ao governo do Estado.
“Lupi está muito chateado com Wagner por causa da enrolação na questão do vice, mas ele não tem cacife lá em cima. Ele tem o Ministério do Trabalho, vai largar assim? – indaga a fonte.
Questionado se essa posição poderia ser mudada com a percepção de um quadro eleitorável favorável à oposição, no Brasil e na Bahia, o parlamentar resumiu; “Se for feita uma análise, na hora de se salvar todo mundo pula”.
A fonte julga ainda que Nilo só iria para uma candidatura de oposição se houvesse uma decisão partidária. “Não é da história dele essa mudança. Euclides Fernandes, Roberto Carlos e João Bonfim também são contra”. (Por Escrito)
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