Salvador – A propósito da matéria com título “Ferryboat tem fila quilométrica e transtorno na Ilha de Itaparica” publicada no JORNAL DA MÍDIA, na última segunda-feira, 6, a concessionária Internacional Marítima contestou o número de três ou quatro embarcações em tráfego (leia nota da empresa na íntegra, mais abaixo) e garantiu que estavam em operação todas as ”cinco” unidades prometidas para o final de ano.
Não foi isso, exatamente, o que o JM constatou. Se outros profissionais de imprensa estão conseguindo enxergar ”melhorias” sem utilizar o sistema, sem checar devidamente e sem navegar, é problema de cada um deles e parabéns no caso a Internacional Marítima por ter convencido os mais afoitos, alguns dos quais nunca entraram em um navio do sistema e não têm a menor noção da realidade diária enfrentada pelos usuários da travessia. Existe milagre para tudo.
Naquele dia 6, um integrante do JM embarcou no ferry “Pinheiro”, às 7h da manhã, depois de 3 horas de espera na fila de prioridade, e comprovou, com registro fotográfico, que somente quatro embarcações estavam em tráfego – Pinheiro, Juracy Magalhães, Anna Nery e o Ivete Sangalo, que começou a operar posteriormente. O navio “Agenor Gordilho” foi fotografado às 8h15 do mesmo dia, fazendo reparo em uma das gavetas de atracação do Terminal de São Joaquim, em Salvador. Este ferry estava, naquele momento, dasativado. Portanto, não eram cinco embarcações em tráfego, mas somente quatro de um total de sete – na verdade, oito, pois o navio “Ipuaçu” resolveram destinar ao ferro velho.
No final da tarde do mesmo dia 6, usuários enfrentaram problemas ainda maiores para retornar a Salvador, conforme vários relatos chegados ao JORNAL DA MÍDIA. E mais: a Internacional Marítima está permitindo que seus prepostos mandem furar a fila de prioridade do Sistema Ferryboat. Isto foi constatado por diversos usuários, que chegaram a gravar vídeo mostrando a irregularidade, com uma funcionária da empresa afirmando que tinha autorização para dar prioridade além da destinada legalmente pelo Ministério Público, e outra servidora confirmando que recebia ”ordens superiores” e por isso permitia o abuso. Tudo aconteceu na presença do JM, no dia 27 de dezembro, no Terminal de São Joaquim, às 20h, quando a fila de veículos chegava ao Largo de Roma e os prepostos da Internacional permitiam escancaradamente que a fila de prioridade também fosse furada. Um fato verdadeiramente lamentável. É possível que a direção da empresa não tivesse conhecimento do fato, mas a polícia foi acionada e acalmou a situação. O JM tentou contactar os fiscais da Agerba naquele terminal mas nenhum estava presente.
A nota da Internacional Marítima classificou como levianas as informações do JORNAL DA MÍDIA, segundo as quais os usuários passaram mais de seis horas na fila nos dias de maior movimento de veículos para embarque. Levianas, na verdade, são as informações divulgadas pela empresa, de que o tempo de espera na fila é de 2 horas e meia ou no méximo quatro horas. Só estando dentro do pátio de veículos, o usuário espera em média duas horas para embarcar. Com uma fila depois da Calçada, próxima a Roma, basta fazer o cálculo. Repetimos, se os “grandes veículos de imprensa” divulgam o que a Internacional quer, sem colocar um usuário na fila de veículos para cronometrar todo o percurso, é problema da “grande imprensa”.
Independente dos problemas que a Internacional esteja enfrentando, já que não conhecia – e já demonstrou isso – toda a problemática do sistema, o que o JM cobra, na verdade, é que a população da Ilha de Itaparica, os veranistas e turistas, tenham um seviço eficiente e digno. E que o Estado exerça realmente o seu papel de agente fiscalizador. E nada disso acontece atualmente em relação ao Sistema Ferryboat, infelizmente. A aquisição de novas embarcações pelo governo para oferecer à nova concessionária, que pode ser a atual, não vai adiantar absolutamente nada se não houver compromisso com o bom atendimento ao cidadão e com a preservação do patrimônio público. A Internacional Marítima não demonstrou, em mais de nove meses à frente do sistema, capacidade para atender ao que o usuário do sistema quer. Se chegar lá, estaremos aqui para reconhecer o trabalho e as conquistas da empresa que o Governo da Bahia foi buscar no Maranhão para resolver o problema da travessia Salvador-Ilha de Itaparica.
Leiam, na íntegra, a nota de esclarecimento da Internacional Marítima encaminhada ao JORNAL DA MÍDIA:
Prezado Editor:
A respeito da matéria “Ferryboat tem fila quilométrica e transtorno na Ilha de Itaparica”, publicada no Jornal da Mídia, último dia 06/01/14, a Internacional Marítima presta os seguintes esclarecimentos:
1. Ao contrário do que afirma a matéria, o sistema operou durante todo o dia 06 de janeiro com cinco embarcações. Este foi o número de ferries colocados à disposição para a operação montada para o período de festas que compreendeu os feriados de Natal e Réveillon. Nesse período, no momento em que retiramos alguma embarcação para reparo, informamos imediatamente aos órgãos de imprensa em nossos boletins diários, com a transparência com que temos atuado desde o início do contrato de emergência.
2. Durante esse período de programação especial, com fluxo de usuários muito acima da média dos dias comuns, nunca o usuário precisou ficar “seis ou sete horas” na fila como levianamente afirma a matéria. Os principais órgãos de imprensa do Estado estiveram quase todos os dias acompanhando in loco as nossas operações, com contato direto com os usuários, às vezes em transmissão ao vivo. O máximo de tempo de espera registrado nesse período foi de quatro horas para veículos, ainda assim apenas nos momentos mais críticos.
3. O esquema chamado de “bate-volta” foi utilizado em operação durante todo o período da programação especial obedecendo à demanda. Em muitos casos, saíam dos terminais duas – e até três – embarcações a cada 30 minutos em média. Esse movimento não só foi verificado por usuários no embarque como foi registrado por profissionais de imprensa.
4. Ao contrário do que diz a matéria, a população tem demonstrado confiança no sistema apesar das limitações que são conhecidas. Prova dessa confiança é o aumento do fluxo de usuários verificado a cada final de semana e feriado prolongado. Diversos depoimentos espontâneos afirmam que houve mudança para melhor no sistema, o que revela nosso esforço em oferecer o melhor serviço possível dentro das condições encontradas.
5. Por fim, temos trabalhado com todo afinco em prol da qualificação do sistema. Sabemos que há muito a ser feito para equacionar questões que não serão resolvidas do dia para a noite, nem durante o contrato emergencial que estamos cumprindo. Soluções definitivas já estão sendo providenciadas por ações do Governo do Estado, com o processo de licitação, anúncio de investimentos, e com a aquisição de novas embarcações.