LUÍS AUGUSTO GOMES
Desde o início Por Escrito entendeu a candidatura do deputado Marcelo Nilo (PDT) ao governo do Estado como uma manobra – aliás, legítima – para reforçar o seu cacife no processo sucessório do governador Jaques Wagner, pois a político de sua trajetória não seria permitido desconhecer que o PT não abriria mão da cabeça da chapa.
Quem é candidato a algum cargo não o revela precocemente, e se o faz é porque, na verdade, não tem aquele objetivo. Nilo pareceu abusar exaustivamente desse princípio da política ao manifestar reiteradamente sua postulação ao governo do Estado, ao mesmo tempo negando qualquer pretensão ao Senado ou à vice-governadoria.
Muitos títulos de cidadão e assembleias itinerantes depois, o presidente da Assembleia Legislativa alcançou uma posição que, se não o fazia o preferido do governismo, em que são muitos os pretendentes, pelo menos lhe abria uma forte perspectiva de integrar a chapa majoritária.
A equação era simples e chegou a ser enunciada em textos anteriores: sendo três as vagas disponíveis, duas estavam definidas para o PT e PSD, os maiores partidos da base em número de deputados e prefeitos. Sobraria uma cadeira para PP e PDT, que têm estruturas semelhantes, e aí valeria a maior projeção pessoal de Nilo em relação a outros concorrentes.
Agora, diante da sucessão de polêmicas em que se viu envolvido – denúncia sobre o uso indevido de policiais lotados na Casa, nomeação de pessoa das relações familiares e uma filha que seria “fantasma” em secretaria estadual –, o deputado Nilo parece ter sido atingido gravemente em seu projeto, pois seu nome seria um flanco aberto nas hostes governistas.
Chama a atenção nos ruidosos episódios o fato de somente agora tais assuntos terem vindo à tona, quando têm existido sob as longas gestões de Wagner e de Nilo, prestes a completar sete anos. É um caso típico de orquestração com finalidade definida, restando identificar que força ou forças mais se interessariam em afastar o deputado Nilo de mesa das decisões. (Por Escrito)
Leia também: