CLÁUDIO HUMBERTO
Fuzileiros navais se encontravam aquartelados, no interior do Palácio Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores, mas não tentaram impedir a invasão do prédio porque não conseguiram contactar um oficial de patente superior, do 7º Distrito Naval. O grupo lotado no Itamaraty é chefiado por um sargento.
Os manifestantes perceberam que o prédio estava vulnerável e tentaram invadi-lo. O movimento dos radicais foi percebido por agentes da P-2 o serviço de inteligência da Polícia Militar, espalhados em meio à multidão, que avisaram os superiores imediatamente.
A PM, que em princípio não poderia substituir os fuzileiros navais nessa tarefa, se viu obrigada a agir, e usou uma entrada lateral do Itamaraty para chegar à parte da frente do prédio e impedir uma invasão em massa.
A brigada de vândalos dos manifestantes passou a atirar pedras e rojões contra os PMs, e conseguiram depredar parcialmente o Palácio itamaraty. Os policiais usaram até extintores de incêndio como “arma” para dispersar os vândalos.
Há informações de 25 janelões despedaçados, além de obras de arte – incluindo uma valiosa tela de Cândido Portunari que se encontrava no hall de entrada.
Os militares lotados no Itamaraty são subordinados ao comandante do Grupamento de Fuzileiros Navais, capitão de-mar-e-guerra Athila de Faria Oliveira. Nem ele nem seu chefe, vice-almirante José Carlos Mathias, o comandante do 7º Distrito Naval, foram encontrados para dar ordens aos acuados soldados.
O que também impediu os fuzileiros de agir foi a falta de preparo e de armamento, para fazer a defesa do prédio. Os fuzileiros são pouco mais do que seguranças patrimoniais, do tipo que fazem a guarda de agências bancárias, por exemplo, armados apenas de uma pistola.
Após a depredação e de a PM evitar o pior, chegou ao Itamaraty o reforço tardio de uma centena de fuzileiros navais. O Ministério das Relações Exteriores é protegido pelos fuzileiros navais desde 1808. (Coluna de Cláudio Humberto)