Sem perceber, o presidente da Assembleia, Marcelo Nilo (PDT), tomou um chapéu daqueles na sessão de ontem. Dispostos a impedi-lo de faturar politicamente com a aprovação do fim do recesso parlamentar de 90 para 60 dias, os líderes da base aliada, Zé Neto (PT), e da oposição, Elmar Nascimento (PR), costuraram um acordo na surdina: apoiariam a matéria, defendida como bandeira por Nilo, se antes levassem a plenário a proposta que prevê o fim da reeleição para o comando da Casa.
O assunto causa arrepios no pedetista , dono do posto há quatro mandatos seguidos. Pego de surpresa com a manobra, o chefe do Legislativo bateu pé firme. Disse que é ele quem decide o que vai ou não ser votado.
A posição de Marcelo Nilo contra a votação da proposta pelo fim da reeleição na presidência da Assembleia provocou reações dos dois lados. A do deputado Carlos Gaban (DEM) teve pitadas de ironia. “Nunca vi presidente de nenhum Legislativo do país desrespeitar acordo de líderes de bancada. Mas a Bahia é a terra de criar precedentes”, disse.
Alheio à referência histórica de Carlos Gaban à célebre frase do ex-governador Otávio Mangabeira, o deputado , Rosemberg Pinto (PT) preferiu o ataque direto ao aliado: “Qual o argumento dele (de Marcelo Nilo) para dizer que não podemos votar agora? O acordo entre bancadas já existe, ele que não quer saber”. (Coluna Satélite, Correio)