AGÊNCIA ANSA
Roma – As lideranças políticas italianas lamentaram a morte do ex-primeiro-ministro Giulio Andreotti, ocorrida nesta segunda-feira, em Roma. Andreotti tinha 94 anos e foi premier por sete vezes entre 1972 e 1992.
“Protagonista da democracia italiana desde o nascimento da República após os traumas da ditadura e das guerras, ininterruptamente presente nas instituições e nas assembleias representativas, com ele vai embora um ator de primeiríssimo plano de mais de 70 anos de vida pública nacional”, disse atual premier da Itália, Enrico Letta, em um comunicado.
O presidente italiano, Giorgio Napolitano, destacou, por sua vez, as contribuições em vários âmbitos de Andreotti. “Sobre a longa experiência de vida do senador vitalício Giulio Andreotti e sobre a obra por ele prestada de várias formas âmbito político, parlamentar e governamental poderão se expressar avaliações profundas apenas em sede de juízo histórico”, disse o chefe de Estado.
“A mim cabe, neste momento, enviar a extrema saudação da República a uma personalidade que atravessou 50 anos de história, que desenvolveu um papel de grande relevância nas instituições e que representou com excelência continuidade a Itália nas relações internacionais e na constituição européia”, afirmou Napolitano em um comunicado oficial.
Já o ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi afirmou que, com a morte de Andreotti, a Itália perdeu “um protagonista político e um homem de governo que fez a história” do país “a partir da reconstrução pós-bélica”. “Líder entre os mais ilustres da Democracia Cristã (DC), soube defender a democracia e a liberdade na Itália em anos difíceis”, disse Berlusconi.
“Contra a sua pessoa, a esquerda experimentou uma forma de luta indigna de um país civil, baseada em ‘demonizar’ o adversário e perseguí-lo judicialmente. Um calvário que Andreotti superou com dignidade e compostura, saindo vencedor”, disse.
Segundo Berlusconi, “Andreotti foi um ícone da cultura popular pela sua longevidade política e ironia nata, celebrada em muitos filmes e livros. ‘Não há rosas sem espinhos, não há governo sem Andreotti’, dizia o povo sobre ele. Era uma Itália que sabia sorrir e amava a liberdade”, enfatizou.
Andreotti começou sua carreira política em 1946, aos 28 anos, como deputado. Em 1954, foi ministro do Interior e, em 1955, assumiu a pasta das Fianças. Politicamente, Andreotti representava a ala mais conservadora e clerical da DC, com ótimas relações com o Vaticano. Em 1972, ele chegou à Presidência do Conselho de Ministros da Itália pela primeira vez.
O político, acusado de ligação com a máfia, foi julgado em 1995 e absolvido em 1999. Dois anos depois, porém, Andreotti foi condenado a 24 anos de prisão, dessa vez acusado de cumplicidade na morte de um jornalista italiano. Por ter imunidade parlamentar devido ao seu cargo de senador vitalício, ele nunca foi preso. (AnsaLatina)