Um vereador e um dirigente nacional do PSOL envolvidos no escândalo do bicheiro Carlinhos Cachoeira participaram do ato público que marcou o lançamento da Rede Sustentabilidade (REDE), em Brasília, no último dia 16: o vereador de Goiânia Elias Vaz e o segundo secretário de Relações Internacionais do PSOL, Martiniano Cavalcante. O novo partido da ex-senadora Marina Silva está em fase de coleta de assinaturas.
Elias Vaz aparece em conversas telefônicas degravadas para a Operação Monte Carlo e frequentou a chácara do bicheiro em Anápolis (GO). Martiniano Cavalcante recebeu um depósito de R$ 200 mil de uma das empresas-fantasmas do esquema, a Adécio e Rafael Construções, abastecida pela Delta Construções. O Conselho de Ética do PSOL abriu dois procedimentos para investigar a atuação dos militantes.
No lançamento da REDE, que precisa de mais de 500 mil assinaturas para ser criada, Martiniano defendeu a ética, criticou caciques da política nacional que seriam fichas-sujas e comemorou a assinatura do senador Eduardo Suplicy (PT-SP) como sendo a primeira coletada para a criação da legenda. Já Elias Vaz estava acompanhado de outros filiados ao PSOL interessados em ingressar na REDE.
O depósito de R$ 200 mil a Martiniano, a partir de uma conta da Adécio e Rafael, foi feito em 20 de dezembro de 2011. Depois da deflagração da Operação Monte Carlo pela Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, o dirigente do PSOL — ele é presidente da sigla em Goiás — passou a ser cobrado pela mulher do bicheiro, Andressa Mendonça, que também é investigada pela PF. Um cheque nominal a Andressa, no valor de R$ 220.816,00, foi depositado na conta dela depois da ação da PF.
— É um dinheiro que tomei com agiota e paguei juros. Claro que sabia que era do Cachoeira, mas isso não é crime — disse Martiniano.
O dirigente do PSOL tem uma empresa de construção civil e afirma não ter feito negócio ilícito com Cachoeira. Segundo ele, as explicações foram dadas à CPI do Congresso que terminou em pizza no fim de 2012. Em setembro, a Executiva Nacional do PSOL afastou Martiniano das funções de direção no partido. Depois, reviu a decisão para assegurar o direito de defesa.
— A primeira resolução foi decidida de forma monocrática, imperial, malandra, maldosa. Só não estou à frente do PSOL porque estou saindo. Tenho 40 anos de militância de esquerda — afirma ele. (Vinicius Sassine, O Globo)