O peemedebista Renan Calheiros (AL), que deve voltar hoje à presidência do Senado cinco anos após deixar o cargo por suspeitas de corrupção, disse ontem à Folha de São Paulo que, se eleito, irá priorizar uma agenda ética: corte de gastos e “transparência absoluta” na Casa.
Em entrevista, Renan afirmou que “não haverá espaço para a dúvida” durante a sua gestão, que vai trabalhar para “robustecer o Congresso” e que criará “barreira jurídica contra qualquer iniciativa com pretensões de restringir a liberdade de informação”.
Em 2007, o senador renunciou à presidência do Senado após ser acusado de ter despesas pessoais pagas por lobista de uma construtora.
O senador disse que não se sente desconfortável em presidir a Casa mesmo tendo sido denunciado na semana passada por ter apresentado notas fiscais frias para justificar seu patrimônio no escândalo de 2007.
Ele acusou o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, de agir politicamente para beneficiar seu adversário na disputa, o senador Pedro Taques (PDT-MT), que é procurador da República.
“A iniciativa, sabe-se agora, foi para beneficiar um candidato à presidente do Senado da própria corporação.” Gurgel nega ação política.
O senador disse que irá tratar o Executivo com independência. E prometeu colocar em votação os vetos presidenciais a projetos aprovados pelo Congresso, demanda que não interessa ao Executivo.
Ontem o ex-ministro José Dirceu (PT) saiu em defesa do Renan afirmando que ele tem sido vítima de “falso moralismo” patrocinado por imprensa e Ministério Público.
“O que estamos assistindo em relação ao senador Renan é, de novo, uma ofensiva midiática dando cobertura a denúncias contra ele concertadas com ações do Ministério Público Federal”, afirmou o petista, condenado no julgamento do mensalão a 10 anos e 10 meses de prisão. (Folha de S. Paulo)