LUÍS AUGUSTO GOMES
O senador Walter Pinheiro (PT) tentou duas coisas em sua longa entrevista à Tribuna da Bahia, mas não conseguiu: destacar os feitos do governo Jaques Wagner e dizer que não é candidato ao governo do Estado no próximo ano.
Ao recusar a candidatura, referiu-se, das respostas iniciais à última, exatas 14 vezes ao ano de 2013, que teria ampla precedência sobre todas as demais coisas, tão ampla que é como se o passado – seis anos de governo – não tivesse existido.
Sua mensagem, talvez involuntária, é de que, se o governo a que apoia e do qual desejaria apoio não equacionar os problemas administrativos que enfrenta, não há por que ninguém da base estar em “excessiva agonia” pela sucessão.
Dois mil e treze é, para Pinheiro, na sucessão (?) de exemplos que usou, o “grande desafio”, “ano para ajudar o governo Wagner”, que deverá “desempenhar grande gestão”, ano para “a base trabalhar unida”, para “executar o orçamento”, enfim, “a Bahia vai precisar muito desse ano de 2013”.
O transporte público como “legado” da Copa – Com relação à candidatura propriamente dita, não é novidade que candidatos, em geral, a refutem quando consideram distante a discussão do tema, ainda mais nas circunstâncias analíticas propostas pelo senador.
Pinheiro, como tantos outros, deseja ser o nome que reúna os partidos e as principais lideranças da coalizão governamental para essa missão que, por enquanto, não é impossível, porque a oposição ainda precisará remar muito para ombrear-se.
Ante a pressão dos entrevistadores, o senador respondeu com chavões de alto a baixo, assim como quando questionado sobre outros assuntos incômodos, a saber: estágio do governo, ACM Neto na Prefeitura, mudanças no secretariado, tensão na bae de Dilma…
O senador foi friamente profissional, e como é bom nisso poderia ter se poupado sobre o “legado” que a Copa do Mundo deixaria para Salvador. “Eu acho muito cedo para você medir isso”, arriscou, e falou de “um novo sistema de transporte público”, que “talvez não seja possível utilizar na Copa”.
Um Pinheiro das antigas – Bahia em Pauta, do jornalista Vítor Hugo Soares, levantou a dúvida que também assaltava este editor: a que “Pinheiro” homenageia o ferryboat que dizem circular pela Baía de Todos os Santos?
Em socorro ao prezadíssimo confrade, podemos informar que o ferry tem 35 anos de existência, o que remete seu lançamento para o governo Roberto Santos (1975-1979). É só ver que Pinheiro é esse que tinha tanto prestígio na época. (Por Escrito)