LUÍS AUGUSTO GOMES
A mudança em cargos de confiança na cúpula da Secretaria da Fazenda está sendo interpretada nos meios políticos como a desmontagem da estrutura deixada pelo ex-secretário Carlos Martins, fruto de uma guerra interna no PT com vistas à candidatura ao governo do Estado em 2014.
O principal beneficiário das operações seria o secretário do Planejamento, José Sérgio Gabrielli, que ao voltar à Bahia teve definido seu quinhão de participação na administração: a secretaria que ocupa diretamente e a Sefaz, para a qual indicou o secretário Luiz Alberto Petitinga, nomeado em abril de 2012.
O primeiro a ser exonerado, no mês seguinte, foi o subsecretário Carlos Batista, militante histórico do PT, coordenador da transição de governos em 2006, quando da primeira vitória de Jaques Wagner, e ligado ao senador Walter Pinheiro, tido como candidato a governador mais viável do partido.
Cúpula está sendo mudada aos poucos – A máquina da Sefaz tem sete cargos principais: secretário, subsecretário, chefe-de-gabinete, diretor-geral e três superintendentes. Até as eleições, só foi mudado, além do subsecretário, o chefe-de-gabinete, que é uma função que exige, de fato, uma relação mais estreita, até de caráter pessoal, com o titular.
Passado o período eleitoral, porém, iniciou-se o ataque final, com a demissão do superintendente de administração tributária, responsável pela arrecadação e indicado pelo PT, e do superintendente de gestão fazendária, que cuida dos recursos humanos, este ligado ao PCdoB.
Fonte da secretaria assegura que o titular da superintendência financeira ainda não saiu porque é o encarregado de elaborar o relatório financeiro do Estado relativo ao exercício de 2012 e tem prazo até 31 de janeiro para fechá-lo.
Com ele seria afastado também o diretor-geral, completando-se, então, a substituição de toda a equipe de Martins, que, como se sabe, é ligado a Wagner e a seu candidato preferencial, o secretário Rui Costa, desde os tempos do Sindiquímica.
Líder deu dica de novas demissões – A certeza de que novos cortes de cabeça virão reside numa conversa que o líder do governo na Assembleia Legislativa, Zé Neto (PT), teve com servidores da Sefaz que com ele têm vínculos eleitorais.
Ainda ressabiados com a defenestração dos colegas, os servidores ouviram Zé Neto perguntar sobre nomes que eles não desejavam ver removidos. “Se ele perguntou isso, é porque há demissões a caminho”, avaliou a fonte.
Estratégia bombardeou Rui Costa – Outra pista importante do interesse político-eleitoral na questão foi o fato de que, no mesmo dia das recentes exonerações, duas notas teriam sido “plantadas” num site desta capital.
Uma criticava Martins, que teria legado uma “herança maldita” a Petitinga, pois a receita da Bahia não estaria crescendo. “É uma mentira”, disse um amigo do ex-secretário. “Só houve queda em 2009, mas isso foi um fato nacional, gerado pela crise mundial”.
A outra nota visava diretamente o secretário Rui Costa, que foi colocado por Wagner na Casa Civil para cuidar da gestão, mas, segundo o texto, tratava apenas de fazer política. A fonte citada foi “um secretário”, que – todos juram – só pode ter sido Gabrielli. (Por Escrito)