REDAÇÃO DO JORNAL DA MÍDIA
O diretor-executivo da Agerba (Agência de Regulação da Bahia), Eduardo Pessoa, exonerou o jornalista Francisco Ribeiro Neto, que ocupava o cargo de Assessor de Comunicação da agência. A exoneração foi publicada em portaria, no sábado (5), no Diário Oficial do Estado.
O jornalista estava na Agerba desde março de 2010 por indicação do deputado federal Marcos Medrado (PDT), que controlou a Agerba até a chegada do vice-governador Otto Alencar na Secretaria de Infraestrutura (Seinfra), em fevereiro de 2011. A Agerba é autarquia vinculada à Seinfra – Otto tirou, um por um, todos os cargos de confiança que Medrado tinha na agência – Chico Neto era o último que restou. Mas, é bom que se diga, a demissão de Chico nãoteve nenuma conotação política. Longe disso. Foi coisa de trabalho mesmo.
Os motivos que determinaram a exoneração de Francisco Neto não foram divulgados pela direção da Agerba. O JORNAL DA MÍDIA tentou contato por telefone com o diretor Eduardo Pessoa, mas sem êxito. O interventor da Agerba na TWB, Bruno Moraes Amorin, estava com o celular desligado e também não foi localizado.
Contudo, as fontes sempre seguras do JORNAL DA MÍDIA, tanto na Seinfra como na Agerba, apontaram algumas razões para a saída de Chico Neto:
1. A atual direção da Agerba já planejava há algum tempo promover uma chacoalhada na política de comunicação da autarquia. A Agerba já foi referência no mercado regulatório nacional e teve sua imagem estraçalhada ultimamente com envolvimento em várias escândalos, como o da TWB, por exemplo;
2. A Agerba não teria conseguido passar, através da sua área de comunicação, com precisão e eficiência, o enorme esforço feito pelo governo para recuperar os navios do sistema ferryboat, que foram totalmente sucateados pela TWB. Esta falha de comunicação teria contribuído em muito para o crescimento das críticas à atuação da agência e do governo, como um todo;
3. Não atendimento, pela Assessoria de Comunicação, das demandas diárias para a imprensa, principalmente neste período conturbado em que a Agerba está à frente das operações do ferryboat, que exige do profissional de mídia da agência conhecimento específico da área de transporte marítimo e dos problemas operacionais do sistema.
Esses foram os três principais motivos apontados pelas fontes do JM. Mas nos bastidores da Agerba e do sistema ferryboat, em São Joaquim, outras informações dão conta que o diretor Eduardo Pessoa já estava cansado de, sozinho, atender as exigências da mídia, dando satisfação diária a jornalistas.
Deu Pena – Pessoa teria, inclusive, feito comentários internos sobre seu ”desencanto” com a situação. Alguns repórteres que acompanharam a complicada operação do sistema ferryboat no feriadão do final de ano, prejudicada pela falta de navios, também constataram a situação.
“Eu fiquei até com pena do diretor da Agerba, quando fui cobrir o movimento do ferry na sexta-feira. Ele estava sozinho nas entrevistas, abatido e foi ao terminais todos os dias. Eu mesma fiz contato com ele até no dia 31. A fila era enorme, estava no Mares, mas ele nunca deixou de atender e de reconhecer que estava difícil para o usuário ir para a Ilha. No entanto, no site da Agerba não tinha nenhuma informação oficial do dia a dia do ferryboat”, contou uma repórter da Tribuna da Bahia ao JM.
Na Agerba e nos terminais do sistema ferryboat, Eduardo Pessoa é tido como um ”cara de pique” e ”determinado” quando o assunto é o ferry. Desde setembro, quando foi decretada a intervenção da TWB, ele vai aos terminais todos os dias e acompanha ”in loco” as operações em feriadões. Comenta-se que o “pique” de Pessoa não era acompanhado nem de longe pelo ”faro” do ex-jornalista da agência.