A Polícia Civil de Ponta Grossa, nos Campos Gerais, afirmou na noite desta quarta-feira (2) que a vereadora Ana Maria Branco de Holleben (PT), tida como desaparecida por um dia, forjou o próprio sequestro, com auxílio de funcionários de sua equipe.
Ela recebeu voz de prisão, sob suspeita de falsa comunicação de crime, fraude processual e formação de quadrilha, mas não pode ser levada a uma unidade prisional porque está hospitalizada, sob a guarda de policiais. Três pessoas ligadas a ela foram presas.
O delegado Luiz Alberto Cartaxo Moura – que conduziu as investigações, com a participação do Grupo Tigre, especializado em sequestros – relatou, em coletiva à imprensa, que o episódio foi uma farsa. “Não houve sequestro. Houve uma simulação, com o objetivo de proteger interesse próprio. Ou seja: não exercer seu direito de voto junto à Câmara Municipal na eleição da Mesa Diretora”, afirmou Cartaxo, em entrevista coletiva.
Holleben integra a bancada de oposição ao novo prefeito, Marcelo Rangel (PPS) – que concorreu contra o primo da vereadora, o deputado estadual Péricles de Mello (PT), nas eleições do ano passado.
São 11 vereadores de oposição, contra 12 da situação. Por causa do episódio, a sessão que escolheria a direção da Casa, a ser realizada ontem à tarde, foi suspensa. O bloco de oposição não compareceu ao ato, que foi adiado por falta de quórum.
Presos – O falso crime, segundo o delegado, foi admitido em depoimento por um funcionário da vereadora, o motorista Idalécio Valverde da Silva, e sua mulher, Suzicleia Valverde da Silva, ambos presos. “Eles contaram toda a trama”, disse Cartaxo.
Adalto Valverde da Silva, irmão de Idalécio, também foi preso. Ele não estaria envolvido diretamente no caso, mas teria emprestado o telefone para que a vereadora ligasse para a família e dissesse que estava tudo bem com ela, quando comunicou o falso sequestro.
A polícia ainda investiga se houve participação de outros políticos na ação. “Essa possibilidade é real. Entretanto, entre a possibilidade real e a prova cabal, há uma diferença enorme”, afirmou o delegado.
A vereadora, que ficou em local incerto por 24 horas, se apresentou espontaneamente num hospital da cidade, em “delicado estado de saúde”, segundo a polícia. (Gazeta do Povo)