As principais cidades da Argentina permaneciam em alerta neste sábado (22) após dois dias de saques a supermercados que deixaram dois mortos, cerca de 100 feridos e centenas de detidos.
O governo e a principal central sindical se culpavam mutuamente pelos incidentes, que ocorrem em meio a uma onda de protestos contra a administração da presidente Cristina Kirchner em relação ao aumento da criminalidade e à incerteza econômica.
Na província de Buenos Aires, o governo reforçou com cerca de 3 mil policiais o patrulhamento na periferia da capital, onde na véspera ocorreram confrontos violentos em San Fernando, Zárate e Campana.
Os incidentes deixaram dois mortos em Rosario, terceira maior cidade do país, a 300 quilômetros ao norte de Buenos Aires. Há dois feridos graves. Muitos comerciantes preferiram manter seus negócios fechados, apesar do movimento pelo Natal.
O governador de Buenos Aires, Daniel Scioli, pediu ao ministro de Segurança, Daniel Casal, que “intensifique a patrulha”, segundo a Rádio Mitre.
O secretário de governo de Rosario, Fernando Asegurado, disse que a cidade voltou à calma e que não houve incidentes à noite, mas o policiamento reforçado será mantido até a virada do ano.
O chefe do gabinete do governo, Juan Abal Medina, disse que as informações mostram que “caminhoneiros” participaram dos saques. Hugo Moyano, líder sindical da categoria, é presidente da CGT (Central Geral de Trabalhadores). “Se têm provas, que nos prendam”, disse Moyano, desqualificando as acusações, também à Rádio Mitre.
Moyano disse que o governo está botando em marcha uma manobra para “desprestigiar e desqualificar os dirigentes que não concordam com sua política”.
Soldados também foram enviados a Bariloche, uma cidade turística muito frequentada por quem quer esquiar, 1,650 quilômetros a sudoeste de Buenos Aires, onde a multidão invadiu pelo menos dois supermercados na quinta-feira. Foram roubados aparelhos de TV, bicicletas e aparelhos elétricos, disseram as testemunhas.
Saques também foram relatados em cidades das províncias de Tucuman, Corrientes, Chaco, Misiones, Cordoba, e Rio Negro, na maioria dos casos com pessoas feridas e presas.
Os saques aconteceram em meio a um clima de mal-estar de setores da classe média e sindicatos contrários à presidente Cristina, que se mobilizaram nos últimos meses. (G1)