Depois que a ampla maioria do Diretório Nacional do PT se posicionou contra uma proposta de resolução conclamando a militância a ir para a rua, em uma campanha contra o Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-ministro José Dirceu disse aos colegas que estava satisfeito com a defesa que o partido vem fazendo dele e dos companheiros julgados pelo tribunal, no processo do mensalão. A proposta foi feita por integrante do diretório de Santa Catarina, mas sequer foi votada.
Ao dizer que era desnecessária a proposta de mobilização da CUT e dos movimentos sociais, o presidente do PT, Rui Falcão, afirmou que o ex-presidente Lula divulgará a nota de desagravo já publicada em defesa dos petistas na Alemanha e na Espanha, onde está em viagem. Segundo relato de companheiros de Dirceu, ele usou o microfone duas vezes, durante a reunião do diretório, para dizer que considerava que o partido estava sendo solidário a ele.
Dirceu afirmou que assumirá sua própria defesa, em peregrinação pelo país, e não demonstrou, pelo menos em público, contrariedade:
— Estou satisfeito (com a defesa feita pelo PT). Não tenho nada do que reclamar. Agora, o PT tem que dar continuidade (à defesa como foi feita até agora) — afirmou Dirceu, segundo presentes.
Na noite anterior, já em Brasília preparando a reunião do diretório, Dirceu participou de um jantar na casa do deputado Josias Gomes (PT-BA) com cerca de 30 integrantes do partido. Lá, o ex-ministro disse estar certo de que o STF vai determinar sua prisão antes da análise dos recursos que serão apresentados pela defesa, após a conclusão do julgamento.
— Estou tranquilo, vou para a prisão e não vou parar. Não sou chefe de quadrilha, não comprei nenhum deputado — disse Dirceu, que, na mesma noite, foi à casa do ex-ministro da Defesa e do STF Nelson Jobim, que voltou a advogar. (Fernanda Krakovics e Maria Lima/O Globo)