Representantes dos trabalhadores do setor aéreo recorreram nesta segunda-feira ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para tentar anular a compra da Webjet pela Gol, alegando que o negócio fere o interesse do consumidor.
Eles entregaram ao presidente do órgão, Vinicius Marques de Carvalho, pesquisa de preços que mostra que no dia 17 de outubro, data em que a Gol assumiu a venda de bilhetes da Webjet, o preço da passagem no trecho Guarulhos-Santos Dumont subiu 211%. E outras tarifas tiveram reajuste de até 297% no mesmo trecho nos dias seguintes.
O preço do bilhete no voo 5767 da Webjet, com partida prevista para o dia 18 de outubro, às 11h20, saltou de R$ 183,99 para R$ 571,90 no site da Gol, segundo o levantamento entregue pelo Sindicato Nacional dos Aeronautas ao Cade.
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Os representantes dos trabalhadores pediram ao Cade acesso ao processo que resultou na aprovação da compra da Webjet pela Gol, porque, segundo o presidente do sindicato, Gelson Fochesato, há indícios de falhas decorrentes de informações incorretas que teriam sido prestadas pela Gol e pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac):
— Houve diminuição da oferta para os usuários, e os preços subiram. O Cade não pode concordar com isso.
O sindicato baseia-se no fato de o Cade ter aprovado a compra a partir da premissa de que os preços cobrados pelas duas empresas eram semelhantes, o que a pesquisa contradiz.
Ex-funcionários protestam – Para ter acesso ao processo, o sindicato vai apresentar petição ao Cade até amanhã. O objetivo é forçar o órgão a rever a decisão e buscar a reintegração dos trabalhadores demitidos pela Gol. Fochesato destacou que, durante a tramitação do processo no Cade, a Gol havia prometido manter 16 aviões da Webjet em operação e dissera que as demissões seriam pontuais.
O Cade não quis comentar a declaração do sindicalista, e o voto do relator do processo, conselheiro Ricardo Ruiz, está sendo revisado. Por sua assessoria, o Cade informou que o órgão não analisa preços individualizados e que, durante o processo, avaliou a concorrência e os preços cobrados por todo o setor. A assessoria da Gol disse que vai analisar as tabelas para só então se pronunciar. A Anac não quis comentar. (O Globo)