A pergunta corre em Salvador: o que tem a ver ACM Neto com o avô ACM? O DNA e a grife que deu a alavancagem do prefeito eleito. E só. ACM já dizia que não existem pessoas insubstituíveis. E fazia a ressalva: ‘Inigualáveis, admito. Insubstituíveis, não’.
Ele era um inigualável. Único, para o bem ou para o mal. Justo por isso ACM Neto jamais poderia pretender imitá-lo, nem pelo estilo e nem pelo temperamento, embora os adversários, antes e agora, tentem fazer parecer.
Neto foi lançado na política em 2002, na primeira eleição após o escândalo dos grampos envolvendo o avô. Com 23 anos, baixinho, ganhou o apelido de Grampinho. A intenção: apresentá-lo como o netinho mimado do vovozão poderoso. Não colou. Tinha luz própria e brilhou na CPI dos Correios, a do mensalão, quando ganhou notoriedade nacional.
A julgar pelo DNA, o de Neto se assemelha muito mais com o do tio, Luís Eduardo Magalhães, a habilidade ao invés da truculência.
Mesmo assim, agora em 2012, o marketing do PT voltou à carga tirando a história de ACM da tumba para tentar forjar uma versão mambembe do Netinho Malvadeza.
Ao contrário do avô temperamental ao extremo, o único destempero que cometeu foi justo na tal CPI, a famosa surra em Lula. ACM puxou-lhe a orelha. Os dois divergiam, jamais em público ou para o público saber. Ironia do destino: a tal surra enfim aconteceu (democraticamente) domingo. (Levi Vasconcelos/Tempo Presente)