LUÍS AUGUSTO GOMES
A deputada Kelly Magalhães (PCdoB) atribuiu ao governador Jaques Wagner, por orientação do presidente do PT, Jonas Paulo, a derrota da prefeita Jusmari Oliveira (PSD), candidata à reeleição em Barreiras. “O PT de Wagner é um partido vagabundo”, desabafou, confirmando a expressão ao ser questionada por um correligionário.
Terceira colocada, Jusmari teve cerca de mil votos a menos que o vencedor, diferença que, para ela, teria sido facilmente eliminada num eleitorado superior a 87 mil pessoas se Wagner, como prometera, tivesse ido ao município dar seu apoio ou mesmo gravado uma declaração para o programa eleitoral.
A quebra do compromisso do governador com a candidata do PSD possibilitou a volta do ex-prefeito Antônio Henrique (PP), segundo ela “um coronel truculento”, que após a vitória colocou carros de som potentes, de madrugada, na frente de sua casa e até na porta de uma idosa, a mãe do deputado Oziel Oliveira (PDT), aliado de Kelly.
“Jonas Paulo meteu na cabeça de Wagner que a rejeição a Jusmari era grande. O governador se comprometeu a ir a um comício, reunimos seis mil pessoas e ele não foi. Nós nos empenhamos para eleger Dilma e Wagner, mas foi Antônio Henrique, que votou em Geddel, quem colheu os frutos”, protestou a deputada.
Anticampanha incluiu boicote a obras – A candidatura de Antônio Henrique foi articulada pelo deputado João Leão (PP) e por Jonas Paulo, que indicou o petista Paê Barbosa para vice. A partir daí, para Kelly Magalhães, valeu tudo para ganhar a eleição, a exemplo de boicote às obras de recapeamento da cidade após a instalação de rede de esgoto.
Esse foi um dos pontos de desgaste de Jusmari, que começou a ser revertido depois que o Derba assegurou o asfalto para o trabalho. Mas os serviços foram atrapalhados pela Polícia Militar, que constantemente apreendia caminhões que transportavam os materiais.
“Nós ligávamos para Cezar Lisboa e ele dizia: ‘Não tem nada de política nisso. Vai ver que os caminhões estão com documentação irregular’”, afirmou a deputada, ao sugerir a pouca importância dada às reclamações pelo secretário de Relações Institucionais do governo do Estado.
“Aliado decente”, Otto “cumpriu palavra” – Merece destaque no posicionamento da deputada a distinção que ela estabeleceu entre o vice-governador Otto Alencar e o governador Wagner. “Otto segurou as pontas até o fim. Foi um aliado decente, firme, de palavra, que assumiu e cumpriu um compromisso. Gravou mensagem, ajudou com obras, só chegamos à reta final por causa dele”.
Por outro lado, diante da exibição de um vídeo de Lula no programa de Antônio Henrique na reta final da campanha, a prefeita Jusmari procurou Wagner, que alegou total desconhecimento do fato. “Você acha que Lula ia gravar um programa desses sem consultar Wagner?” – perguntou Kelly.
A deputada acha que Jusmari não merecia esse tratamento: “Em 2010, ela ia votar em Pinheiro e César Borges para o Senado, porque era amiga de César. Wagner convenceu Jusmari a votar em Lídice. No dia seguinte, César tomou o PR dela. Agora, o governador nem gravou a declaração de apoio que tinha dito que ia fazer no domingo anterior à eleição”. (Por Escrito)