A participação da presidente Dilma Rousseff em campanhas de candidatos do PT em capitais onde há disputa com partidos da base aliada do governo federal provocou “mal-estar e estranheza em todo o PMDB nacional”, segundo o presidente do partido na Bahia, deputado federal Lúcio Vieira Lima.
Em Salvador, Dilma gravou mensagem de apoio para o programa de TV do petista Nelson Pelegrino, o que desagradou o PMDB, que disputa a prefeitura da capital baiana com o candidato Mário Kertész.
Lima também citou o exemplo de São Paulo, onde Dilma participou nesta semana de um comício de Fernando Haddad (PT), que compete com Gabriel Chalita (PMDB).
Segundo Lúcio, Dilma é presidente “em nome de uma coligação de partidos” e os deputados e senadores do PMDB votam no Congresso Nacional para fortalecer o “governo dessa coalizão” e não o “governo do PT”.
“Quando essa força é usada eleitoralmente contra os partidos da coalizão, logicamente que gera um mal-estar”, afirmou à Folha.
Na Bahia, o PMDB exerce oposição ao PT, apesar de ser aliado do partido no governo federal. Lúcio é irmão do ex-ministro da Integração Nacional Geddel Vieira Lima, que em 2010 foi derrotado pelo petista Jaques Wagner na eleição para o governo da Bahia.
Apesar do mal-estar, o dirigente do PMDB baiano afirma que o partido continuará aliado da presidente. “Como todo mal-estar, ele passa. Mas, logicamente, você tem que ter um período de repouso, de conversa, um medicamento aqui e acolá”, disse Lima.
Em sua avaliação, o PMDB precisa de um projeto de candidatura nacional para fortalecer as eleições locais. “O PT vai para a disputa com discurso que está no governo federal e que vai fazer acontecer. O PSDB e o DEM vão com discurso de oposição. E nós vamos com discurso de quê? Que nós vamos disputar a vice-presidência da República?”
Nesta eleição, o PMDB da Bahia prevê diminuição no número de prefeituras administradas pelo partido. Em 2008, quando o PMDB ainda era aliado do governador Jaques Wagner, foram eleitos 115 prefeitos num total de 417 municípios.
Com a mudança para a oposição e a criação do PSD, a legenda perdeu prefeituras. Lúcio calcula que hoje há cerca de 60 prefeitos do PMDB na Bahia. (Aguirre Talento, na Folha)