Elaine Patricia Cruz
Agência Brasil
São Paulo – Confrontos envolvendo a Polícia Militar (PM) de São Paulo provocaram a morte de 229 pessoas só no primeiro semestre deste ano. Os números foram passados à Agência Brasil pelo ouvidor da Polícia do Estado de São Paulo, Luiz Gonzaga Dantas. Isso representa crescimento, segundo ele, quando comparado a 2011, quando 438 pessoas morreram em confrontos com a polícia durante todo o ano.
Somente os confrontos envolvendo o 1º Batalhão de Choque da Polícia Militar, batizado como Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), vitimaram 48 pessoas no primeiro semestre deste ano.
“Se pegarmos um policiamento mais específico, no caso, a Rota, há uma letalidade no semestre maior do que no ano passado. No ano passado tivemos, nesse mesmo período , 40 pessoas que foram vitimadas pela Rota. No primeiro semestre deste ano, tivemos um aumento de 20%, ou seja, 48 pessoas que foram vitimadas pela Rota”, disse o ouvidor, em entrevista à Agência Brasil.
Se forem considerados também os meses de julho e de agosto, a letalidade em confrontos envolvendo a Rota e registradas como “resistência seguida de morte” sobe para 65 casos. Para a ouvidoria, se for mantido o ritmo, “é possível que o número de letalidade da Rota seja maior em 2012”.
Os números de setembro ainda não foram contabilizados, mas devem ser acrescentadas à lista as nove mortes ocorridas em Várzea Paulista, na Grande São Paulo, onde 40 homens da Rota entraram em confronto com um grupo de criminosos que julgava um homem acusado por eles de estupro.
Desde novembro do ano passado, a Rota esteve sob o comando do tenente-coronel Salvador Modesto Madia, que foi substituído na última quarta-feira (26) pelo tenente-coronel Nivaldo César Restivo. Ambos são réus no processo que envolve o Massacre do Carandiru, ocorrido em 1992, quando 111 detentos foram mortos.
Em todo o ano passado, confrontos envolvendo a Rota vitimaram 82 pessoas, mostrando crescimento no número de mortos desde 2007, quando foram registrados 46 casos. Desde 2001, o maior número de mortes envolvendo a Rota ocorreu em 2003, com 124 letalidades.
Para o ouvidor, os números mostram que é preciso ampliar o esforço para que as mortes ocorridas em confrontos com a polícia deixem de ser registradas como resistência seguida de morte e passem a ser consideradas homicídios.
“Estamos envidando esforços para que esse registro seja feito de acordo com a lei. Não é nenhuma coisa do outro mundo. Vamos conversar com o Tribunal de Justiça e o Ministério Público para que crimes onde há mortes e nos quais conste que a pessoa resistiu a uma ordem legal do agente público de segurança sejam registrados como homicídio”, disse Dantas.