LUÍS AUGUSTO GOMES
Perícia no áudio com declarações atribuídas ao deputado Zé Neto, nas quais o parlamentar estaria pressionando assessores a contribuir com parte de seus salários para atividades políticas, revela fatores “que permitem inferir tratar-se de edição no material, sendo possível a ocorrência de inserção, remoção ou alteração da ordem cronológica de trechos gravados”.
O laudo, encaminhado pelo parlamentar ao presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Nilo, que distribuiu o material à imprensa, foi elaborado pelo engenheiro eletrônico Antonio César Morant Braid, perito criminal em Fonética Forense do Instituto de Criminalística Afrânio Peixoto, do Departamento de Polícia Técnica.
Contendo a transcrição videofonográfica da gravação e gráficos com espectrogramas de 11 registros do áudio e explicações sobre a técnica utilizada, o parecer registra “discrepâncias na resposta em frequência entre dois frames de áudio próximos”, sugerindo “grandes retiradas de material ou inserções de locução retiradas de trechos afastados”.
Presidente vê “montagem grosseira” – A acusação ao líder do governo foi feita pelo deputado Targino Machado, que leu no plenário da Casa, no último dia 26, trechos da notícia-crime encaminhada ao Ministério Público pelo vereador Justiniano Oliveira França, de Feira de Santana, que teria recebido de um anônimo a gravação.
Na nota aos jornalistas credenciados no Comitê de Imprensa da Assembleia, Marcelo Nilo destaca que Zé Neto lhe solicitou a divulgação do material. “Em respeito ao Poder Legislativo”, disse o presidente, o parlamentar “fez proceder um exame do material para demonstrar a seus pares – e a todos – que é vítima de uma montagem grosseira, presumivelmente, de cunho eleitoral”.
A conclusão do especialista é de que “as interrupções detectadas mostram irregularidades fonéticas, zonas de silêncio, barras de cliques e, ainda, descontinuidades de formantes”, e que, além da edição detectada, “é possível a ocorrência de inserção, remoção ou alteração da ordem cronológica de trechos gravados”. (Por Escrito)