A punição recente aplicada pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) às operadoras de telefonia celular não resolveu um problema que deixa os consumidores reféns das empresas. A agência não fornece aos usuários informações claras e objetivas sobre o desempenho das operadoras. A pedido do GLOBO, a Anatel levantou o número de reclamações recebidas em seu call center no ano passado. Foram 843.090 contra as empresas de telefonia móvel, sendo a maior parte sobre cobranças indevidas, motivo que respondeu por 42% das ligações sobre celular para a central.
Ainda assim, no Índice de Desempenho no Atendimento (IDA), publicado mensalmente pela Anatel, que considera se as prestadoras atenderam às reclamações dos clientes, nenhuma empresa recebeu nota “vermelha”, ou seja abaixo de 50, em escala de zero a 100. Pelo levantamento, a TIM tem o maior número de reclamações: 262.046, ou 31% das queixas, seguida da Claro, com 239.814, ou 28,4% do total. Em todas, a cobrança é o principal problema.
Na avaliação de especialistas, as medidas anunciadas pela Anatel não vão pôr fim ao martírio dos consumidores, pois o problema continua sendo a falta de informações. No Procon do Rio, foram 7.640 reclamações nos oito primeiros meses, ante 5.200 entre janeiro e agosto do ano passado, uma alta de 47%. No Procon de São Paulo, a quantidade de queixas sobre telefonia celular aumentou 30% no primeiro semestre deste ano em comparação ao mesmo período de 2011, passando de 9,4 mil para 12,2 mil.
O presidente da Anatel, João Rezende, afirma que o órgão sabe quem são as melhores e as piores empresas. Mas reconhece que existe um problema de divulgação. Para Rezende, é preciso um aprimoramento dos indicadores, dos sistemas e dos relatórios, para que fique tudo à disposição na página da agência na internet. (O Globo)