LUÍS AUGUSTO GOMES
O vice-governador Otto Alencar já admitiu sua pretensão, caso as circunstâncias favoreçam, de disputar uma cadeira no Senado em 2014, mas entre seus correligionários sobe a pressão para que seja o candidato à sucessão do governador Jaques Wagner.
Se, na época da eleição, Wagner ainda estiver na situação de desgaste que hoje ele próprio reconhece e tenta reduzir, é provável, como se comenta no meio político, que aprove a indicação de Otto, pois não teria condições para apresentar um nome de seu partido.
“O governador é bem menos radical que o PT e poderá convencer o partido, que não está bem na Bahia nem no Brasil, a abrir espaço para aliados”, opinou um observador da cena política, sendo prontamente contestado por outro: “Acho difícil Otto ser candidato sem trincar a base do governo”.
Entretanto, o reforço à primeira tese veio de bate-pronto: “Se Lídice não for candidata, ela prefere Otto, com quem conversa melhor. O PSB é forte na Bahia e no país, e Otto é grande amigo de Eduardo Campos” – governador de Pernambuco, presidente nacional do PSB e possível candidato à presidência da República.
Muita força e “nenhum arranhão” com Wagner – A conversa vai ganhando outros interlocutores, entre os quais um que aponta “as vantagens” de Otto em relação ao pleito de 2010 – quando ele deu grande contribuição para a vitória de Wagner –, a começar pela sua condição atual de vice-governador e secretário da Infraestrutura.
O segundo estágio de poder de Otto é o PSD, partido forte nacionalmente e que ele fundou na Bahia, dando-lhe surpreendente expressão: é a segunda maior bancada na Assembleia, com 12 deputados, e a também a segunda na Câmara dos Deputados, com sete parlamentares, perdendo em ambos os casos apenas para o PT.
Finalmente, Otto é considerado líder de cerca de 70 prefeitos no Estado, podendo, nas eleições de outubro, eleger mais 60, não somente nos quadros do PSD, mas de outros partidos, atribuindo-se tal fato ao proverbial trânsito de que ele gozaria nas forças políticas.
Mas o trunfo maior do vice-governador, acima da “convivência tranquila” com os setores do governo, é a “excelente relação pessoal e política” com o governador Wagner. Um deputado do seu partido arriscou-se a dizer: “Não existe nenhum arranhão entre Otto e Wagner”.
Um mandato para o governador – Outras considerações dos “especialistas”: Wagner pensaria duas vezes antes de permanecer no cargo até o último dia e não ter mandato eletivo pelos quatro anos seguintes. E só se estivesse muito forte para, mantendo-se governador, convencer Otto a renunciar e disputar qualquer eleição. (Por Escrito)