Londres – Não foi o dia de Marta nem de Cristiane. Na presença de um entusiasmado público de mais de 70 mil pessoas, que fez uma bonita festa para as donas da casa, a seleção brasileira feminina de futebol foi derrotada por 1 a 0 pela Grã-Bretanha, nesta terça-feira, 31 de julho, no mítico estádio Wembley. O resultado fez com que o Brasil terminasse a primeira fase na segunda colocação do grupo E. Com isso, vai enfrentar, nas quartas de final, o Japão, atual campeão mundial, no dia 3 de agosto, em Cardiff. O treinador Jorge Barcellos manteve a calma mesmo com o resultado adverso.
“No fim, reuni as meninas e disse que com vitória ou derrota, ainda teríamos outro jogo pela frente. Este, sim, nós temos que ganhar”, contou Barcellos. “Perdemos o jogo, mas não perdemos o sonho da medalha”, disse.
O hino da Grã-Bretanha cantado em uníssono pela grande maioria do público presente serviu como um presságio do início vibrante que estava por vir. Com apenas dois minutos de bola rolando, a zagueira Houghton aproveitou uma indecisão da defesa brasileira, driblou a goleira Andreia e tocou para as redes: 1 a 0 Grã-Bretanha e euforia dos torcedores locais, com muito barulho e o agito de toda sorte de bandeiras.
Tanto o gol quanto a festa da plateia – com direito a ola – atordoaram a equipe brasileira. Nervosas, Marta e suas companheiras erravam passes fáceis e de curta distância. Foi preciso que alguns minutos se passassem até as jogadoras colocarem os nervos no lugar. “Não estava programado levarmos um gol tão cedo. Mas a Grã-Bretanha apresentou um jogo muito rápido”, elogiou o treinador brasileiro.
Depois da ansiedade inicial, as brasileiras passaram a tocar a bola com mais precisão e, antes mesmo dos 10 minutos, já haviam chutado três vezes em direção ao gol. Com bons deslocamentos, Cristiane se tornou a jogadora mais perigosa. Aos 25, ela acertou uma bonita cabeçada na trave.
O problema maior era que o Brasil, apesar de tocar bem a bola, não se aproximava muito do gol. Quando as jogadoras chegavam perto da grande área, preferiam arriscar o chute. Foram vários arremates de longa distância, mas sem perigo à goleira adversária.
A Grã-Bretanha, com a vantagem no placar, explorava com perigo os contra-ataques. Num deles, a camisa 10, Smith, craque do time, acertou bonito chute, mas para fora. Na tentativa de parar muitos desses contra-ataques, as brasileiras apelavam para as faltas. Foi dessa forma que Bruna recebeu o cartão amarelo.
No segundo tempo, o Brasil começou partindo para o ataque em busca do empate. No primeiro minuto, Marta recebeu na entrada da área e chutou forte, mas sem direção. Mas, em seguida, Smith cabeceou e Andreia defendeu. A partir daí, as anfitriãs passaram a controlar o jogo.
Enquanto o Brasil dependia dos lampejos de Marta e Cristiane e abusava dos longos lançamentos, as britânicas pareciam mostrar mais entrosamento e senso de conjunto. Apresentavam melhor articulação de jogadas. E foi numa precisa troca de passes que, aos 10 minutos, Smith tocou para Asante, que entrou na área e foi derrubada por Francielle. Pênalti marcado, mas desperdiçado por Smith. A britânica cobrou no canto esquerdo da goleira Andreia, que fez uma linda defesa.
Afora uma boa jogada ou um chute perigoso do Brasil, era a Grã-Bretanha quem dominava amplamente a partida. As donas da casa tocavam a bola com desenvoltura, entusiasmando a torcida. Já as brasileiras faziam faltas em profusão – o dobro das britânicas – e reclamavam com o juiz. No fim, uma vitória merecida para a seleção local, com direito à festa dos torcedores e das jogadoras britânicas ao final da partida.