LUÍS AUGUSTO GOMES
Foi importante a abordagem objetiva que o radialista Mário Kertész fez, ontem, em entrevista à Tribuna da Bahia, sobre medidas que podem contribuir, como foi dito, para “destravar o trânsito na cidade” e que tomará em “curtíssimo prazo”, se eleito prefeito de Salvador.
Em poucas palavras, o candidato relacionou situações de fácil combate, o que hoje não ocorre por falta de fiscalização rigorosa do cumprimento de leis e posturas municipais vigentes, como o abuso de motoristas na formação de filas até triplas onde bem entendem.
Kertész citou também ações na área técnica, o que inclui sincronização de sinaleiras e “intervenções físicas” que sua equipe já estaria levantando em pontos críticos, e anunciou a determinação de buscar para investir na cidade recursos federais que muitas vezes não vêm por falta de projeto.
Problema maior está nos motoristas – Entretanto, o ex-prefeito não se referiu a um aspecto que talvez seja essencial em sua prometida luta pela “mobilidade urbana”, expressão que, graças a Deus, não utilizou: o disciplinamento de uma esmagadora maioria de motoristas que, a rigor, não têm condições de estar nas ruas.
Não haverá obras, novas vias ou atitudes que garantam a tal mobilidade enquanto persistir a cultura do egoísmo no trânsito, em que, quase literalmente, esse tipo de condutor acha que está sozinho ao volante do seu carro e que pode circular independentemente das normas.
Mesmo com a cidade esvaziada por feriados prolongados, como os que aconteceram recentemente, é comum o motorista, trafegando a 80 km/h na Avenida Paralela, deparar-se com um “engarrafamento” causado apenas pelo descaso pessoas que querem andar lado a lado na mesma velocidade.
Fiscalizar e punir para reeducar – O exemplo dado é apenas para citar um de local de maior possibilidade de fluidez, mas se trata de cena comum em qualquer via de Salvador, numa transgressão flagrante ao Código de Trânsito Brasileiro, que pune motoristas responsáveis pelo atravancamento do fluxo de veículos, seja qual for a causa.
Carros, ônibus, caminhões, motocicletas e até tratores circulam segundo a vontade e interesse imediato de cada condutor, em velocidades que também variam conforme o gosto individual. Num sistema que depende da cooperação de, literalmente, todos, é um desastre.
O candidato Kertész – ou quem chegue à Prefeitura – terá de olhar principalmente para isso, ou todas as demais iniciativas serão infrutíferas. Além de campanhas educativas, será indispensável a fiscalização e a punição dos faltosos, porque uma “cultura” não pode interferir tão drasticamente na liberdade de locomoção de toda uma coletividade. (Por Escrito)