A escolha da professora Célia Sacramento (PV) para vice do deputado ACM Neto, pré-candidato a prefeito de Salvador pelo DEM, era um lance fora da bolsa de apostas sobre composição de chapas majoritárias para as eleições. Menos para os partidos envolvidos nas negociações sigilosas que culminaram na aliança entre as legendas, oficializada ontem.
De um lado, foi parte da vontade dos verdes de integrar uma chapa majoritária com chances de vencer em outubro e de participar da criação de um programa de governo que contemplasse suas principais bandeiras. Do outro, é resultado da busca do candidato democrata por um nome com trajetória na vida e na política bem diferente da sua.
Célia Sacramento, 44 anos, é negra, nascida em São Paulo, mas criada no Subúrbio Ferroviário de Salvador; estudou em escola pública, é militante ativa de movimentos sociais em defesa das mulheres e dos afro-brasileiros. De quebra, traz para o arco de alianças do DEM um partido tradicionalmente alinhado a siglas tradicionalmente ligadas à esquerda, como PT, PSB e PCdoB.
Minutos antes de iniciar o ato de formalização da aliança, ACM Neto deixou claro que a escolha pela professora universitária estava sendo preparada há tempos no forno democrata. “Muita gente acha que foi uma decisão tomada de última hora, mas a gente já vinha debatendo essa hipótese exaustivamente. Queríamos alguém que tivesse a complementariedade que ela traz. Não representaríamos a diversidade que Salvador possui tendo um vice do meu partido ou com a mesma trajetória que a minha”, destacou.
Reação – Citado por DEM como uma das conquistas simbólicas do partido com a indicação de Célia Sacramento (PV) para a função de vice na candidatura do deputado ACM Neto, o engajamento social da verde foi questionado pelo Instituto Steve Biko, segundo informa o jornal Tribuna da Bahia. Em nota à imprensa, a instituição que promove curso pré-vestibular gratuito para alunos negros da rede pública de ensino negou que Célia tenha sido fundadora do instituto.
“O atual posicionamento político da senhora Célia Sacramento não encontra respaldo nos princípios éticos, filosóficos e políticos que norteiam nossas ações e fizeram do Instituto Cultural Steve Biko uma referência nacional e internacional na promoção do antirracismo e dos direitos humanos”, disse a nota.
Questionada sobre o assunto, a pré-candidata a vice do PV afirmou ter sido surpreendida pela imprensa com a informação de que possui ligação direta com o instituto, porém reiterou que manteve vínculos com a instituição.
“Eles colocaram meu nome como fundadora por ter participado nos primeiros momentos do instituto e foram eles que me convidaram para ser candidata pela primeira vez”, relatou. Em meio à polêmica, entretanto, ela preferiu apontar que defende bandeiras do projeto, como a política de promoção da igualdade.