Alvo principal do PT e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na CPI do Cachoeira, pressionado pelas versões divergentes quanto à venda de uma mansão em Goiânia em que o bicheiro foi preso durante operação da Polícia Federal e acossado sob as denúncias de que teria pago um jornalista, durante a campanha de 2010, com recursos oriundos do crime organizado, o governador de Goiás, Marconi Perilllo, vai depor na próxima terça com seu prestígio político ainda intacto tanto no estado quanto no PSDB. O partido promete enviar a tropa de choque para defender o correligionário.
Apesar de toda a maré contrária, os tucanos esforçam-se para salvar Perillo, porque enxergam no governador goiano uma opção de poder fora da Região Sudeste. Administrador de um estado importante para a oposição, de forte cunho agrícola, Perillo representa, para o PSDB, um contraponto ao PT, que sempre teve dificuldades em angariar votos e simpatia nas regiões com economia concentrada no agronegócio.
Quadro independente dentro do partido, Perillo é visto pela direção da legenda como alguém que consegue ter um contato direto com as massas, habilidade importante no apoio a um candidato do partido à Presidência da República em 2014. Avalia-se que, a curto prazo, ele possa enfrentar dificuldades nas eleições municipais deste ano, mas nada ainda suficiente para embaçar o pleito de 2014, quando deve tentar a reeleição. Assim como o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), há indícios de ligações entre o governador e Carlinhos Cachoeira. Agora, na CPI, Perillo tentará se proteger com a sua rede de apoio social e político. “Demóstenes tinha admiradores. Perillo tem seguidores”, resumiu um político, contrariado com a possibilidade de o governador resistir à atual crise política.
O Estado de Minas apurou que a expectativa do PSDB quanto ao depoimento de Perillo é angustiante. O partido sabe que, depois de bradar durante três semanas que o dirigente estava à disposição dos integrantes da CPI para prestar todos os esclarecimentos necessários, ele tem a obrigação de conseguir encerrar as especulações que envolvem seu nome. “A situação se complicou com as denúncias de caixa dois da contravenção durante a campanha de 2010. A polêmica quanto à casa é matéria antiga. Mas receber dinheiro de bicheiro para pagar jornalistas é algo grave”, resumiu um integrante da alta cúpula tucana.
A novela sobre a venda da casa onde Carlinhos Cachoeira foi preso, em 29 de fevereiro, começou a ganhar novos contornos após o depoimento de Walter Paulo de Oliveira Santiago. Dono da Faculdade Padrão e administrador da empresa Mestra, Walter Paulo afirmou que pagou a mansão em dinheiro vivo, no valor total de R$ 1,4 milhão. O depoimento contradiz as palavras do ex-vereador do PSDB Wladimir Garcez, que afirma ter comprado o imóvel com três cheques — dois de R$ 500 mil e um de R$ 400 mil — obtidos com Cláudio Abreu, ex-diretor da Delta no Centro-Oeste.(Paulo de Tarso Lyra, O Estado de Minas)