LUÍS AUGUSTO GOMES
O governo sofre com a greve dos professores, que deixa um milhão de alunos sem aulas há praticamente um mês, e nem mesmo deseja convencer de que o impasse decorre das impossibilidades legal e financeira, pois se recusa ao debate na Assembleia Legislativa.
Um convite ao secretário da Educação para que compareça à Comissão de Educação, independentemente do erro regimental que o propiciou, produz uma operação de guerra da qual sabe-se lá que generais participaram. Não é novidade: há poucos dias, também o presidente da Embasa desfez de última hora um compromisso com a Casa.
A seca, que já não consegue deixar calado nem o mais “humilde” e leal deputado da bancada da maioria (sempre em tom de súplica), alastra-se pelo interior numa desgraça social e atinge gravemente a produção, para efeitos econômicos que ainda serão sentidos no futuro.
A dificuldade de argumentação está refletida no plenário da Assembleia, com a disposição oficial de evitar o transcurso do debate. Fala-se, em geral, somente no pequeno expediente, discursos de cinco minutos no início da sessão, pouco tempo para análise e consideração dos assuntos baianos.
Um eufemismo para o caso: demandas represadas – O governo Wagner se elegeu a primeira vez de surpresa, o que o próprio governador admitiu. Trouxe para o Estado um clima desanuviado que a todos encantou depois de décadas de opressão e medo do carlismo. Isso foi capital suficiente para, tocadas razoavelmente as coisas aqui e ali, conquistar a reeleição.
O novo mandato, entretanto, impõe novas demandas e pressupõe uma colheita de resultados que não se constata. A olho nu, o governo continua sendo planos, convênios e audiências públicas. A imagem que transmite é a de muitas ideias para o futuro.
Isso é patente até no trivial noticiário que diversos parlamentares – federais, estaduais, vereadores – mandam exaustivamente à imprensa. Nenhum diz: “Convidamos para a inauguração dessa obra importante no dia tal, às horas tais”.
E longe de nós, que desconhecemos as entranhas da administração e a plenitude dos números de seu desempenho, querer dizer que todos os problemas são verdadeiros, que o governo experimenta o pior momento destes cinco anos e meio. (Por Escrito)