O delegado da Polícia Federal Raul Alexandre Marques Souza apontou nesta terça-feira, em depoimento à CPI do Cachoeira, os indícios de como o senador Demóstenes Torres (Sem partido-GO) colocou o mandato a serviço do bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.
Da mesma forma que fez no relatório final da Operação Vegas, o delegado reafirmou o envolvimento dos deputados Carlos Leréia (PSDB-GO) e João Sandes Júnior (PP-GO) com o bicheiro.
Ao responder perguntas dos parlamentares sobre o caso, o delegado pôs em xeque a atuação do procurador-geral da República, Roberto Gurgel. O procurador recebeu o relatório da Vegas em 15 de setembro de 2009 e nada fez.
Gurgel só pediu abertura de inquérito contra Demóstenes no Supremo Tribunal Federal (STF) em 27 de março deste ano, cinco dias depois de O GLOBO revelar o conteúdo das ligações entre o senador e Cachoeira. As declarações do delegado surpreenderam os parlamentares e devem redefinir os rumos da CPI.
— Estou convencido: o senador Demóstenes Torres era o braço político da organização. Estou mais convencido do envolvimento do senador. Estou mais convencido ainda do envolvimento dos deputados Sandes Júnior e Leréia.Me parece que não resta dúvida alguma do envolvimento deles — afirmou o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), depois de ouvir a explanação do delegado.
Durante a operação Vegas, foram gravadas mais de mil horas de conversas de Cachoeira com Demóstenes e outros supostos integrantes da organização do bicheiro.
— O delegado confirmou as ligações do senador com Cachoeira, que são cada vez mais claras — disse o senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB). (Jaílton de Carvalho e André de Souza, O Globo)