Luís Augusto Gomes
De pouco frequentar a tribuna da Assembleia Legislativa, o deputado Tom Araújo (DEM) fez duro discurso criticando o presidente da Embasa, Abelardo de Oliveira Filho, que somente ontem, véspera do evento, disse que não poderia comparecer à sessão desta terça-feira (17) da Comissão de Infraestrutura, para a qual foi convidado há mais de 15 dias.
“As dificuldades estão cada vez maiores com a estiagem, não há previsão de chuva”, lamentou Tom, frisando que a primeira data aprovada, como convocação, havia sido 3 de abril. O presidente da Embasa, segundo ele, alegou impossibilidade e sugeriu o dia 17, tendo sido a convocação, por sugestão do deputado Cacá Leão (PP), transformada em convite.
“O Sr. Abelardo disse que tem outros assuntos para tratar na Governadoria. Ora, a calamidade em diversas regiões é total. As pessoas estão com sede, em situação agonizante. Queremos saber as providências da Embasa. Amanhã, na comissão, vamos aprovar uma convocação, não mais um convite”, ameaçou.
Líder da oposição vê fuga e gestão caótica – O líder da oposição, Paulo Azi (DEM), disse que “diversas cidades estão em colapso de abastecimento, sobrevivendo à base de carros-pipa”, enquanto, “do outro lado, a Embasa promove aumentos sistemáticos e injustificados das tarifas, sempre superiores à inflação do ano anterior”.
Destacando que “o povo paga caro e não tem água”, Azi disse que o presidente Abelardo Oliveira Júnior recusa-se a comparecer à Assembleia porque “tem medo de prestar contas de sua administração caótica, é por isso que ele foge”.
Parlamentares reagem à queda da sessão – No final do pronunciamento, o deputado Marcelino Galo (PT), repetindo o que vêm fazendo os governistas, pediu verificação de quórum para derrubar a sessão, pois, apesar de o painel indicar 43 presentes, pouco mais de dez estavam no plenário.
Se fosse seguido o Regimento, haveria chamada nominal e até chamada dos ausentes, e, não havendo número, seria encerrada a sessão. Mas como está em vigor uma “praxe” introduzida por “acordo de lideranças”, marca-se o tempo de espera de 15 minutos, em que os deputados que solicitarem questões de ordem poderão falar por 5 minutos.
Foi aí que o primeiro a falar, o líder do PMDB, Luciano Simões, atacou: “O deputado Marcelino Galo está useiro e vezeiro em tentar fechar o Parlamento”. Lembrou que “o PT outrora defendia o debate e a democracia e agora, com os rebanhos dizimados no interior, o partido tenta calar a Assembleia”.
Petista quer reduzir o debate no plenário – Para quem aspira à presidência da Casa, não foi muito feliz o deputado Rosemberg Pinto (PT) ao falar em seguida. Acusou a oposição de “politizar o debate” sobre a seca e defendeu o encerramento da sessão, pois “as segundas e quintas-feiras só servem para falar, bater, na tentativa de se obter matéria nos jornais”, o que considera “uma pobreza”.
A afirmação é uma referência a uma ideia antiga do próprio deputado, que é extinguir as sessões nesses dois dias para que o tempo seja usado nas reuniões de comissões, a seu ver mais produtivas e propícias ao debate. “A oposição quer fazer do plenário um palco, só pega o governo para botar nas cordas”, reclamou.
Para o deputado, a seca decorre da falta de infraestrutura do Estado, cuja culpa ele não sabe bem a quem atribuir: “Não quero dizer que o responsável seja Wagner, Paulo Souto ou César Borges. Há um problema e se está trabalhando nele”.
Rosemberg desvinculou a Embasa da questão da seca, “porque não é ela que vai resolver o problema”, e, por fim, concordou com a atitude de Abelardo de Oliveira: “Ninguém quer ir à Embasa conversar com ele. Querem trazer ele aqui”, questionando a prerrogativa do Poder Legislativo de ouvir um dirigente de empresa pública. (Por Escrito)