Uma das 28 lanchas-patrulha compradas pelo ex-ministro Altemir Gregolin (PT-SC), da Pesca, está abandonada numa marina na Baía de Aratu há quase dois anos.
Exposta ao tempo, a embarcação não recebeu nenhum tipo de proteção. Em entrevista à Folha, o dono da marina, Antônio Barreto, revelou que o governo federal nunca pagou o aluguel do estacionamento e a dívida ultrapassa R$ 15 mil.
Indagado em 2011 pelo Tribunal de Contas da União, que investiga o caso, o ministério informou que o barco seria destinado à Marinha. O 2º Distrito Naval, em Salvador, disse não ter sido informado de que a receberia. A Pesca não respondeu questões enviadas pela Folha.
A aquisição das lanchas está sendo investigada pelo Tribunal de Contas da União, que detectou várias irregularidades praticadas pelo ministério. Em auditoria, o TCU apontou que 23 das 28 lanchas, compradas por R$ 31 milhões, estavam fora de operação.
A Folha mostrou que outras quatro lanchas nem sequer foram buscadas pelo ministério e sofrem ação do tempo sob guarda do fabricante, há um ano, próximo a Florianópolis.
As lanchas foram adquiridas por meio de dois pregões eletrônicos. No primeiro, realizado em 2008, compraram-se cinco. No segundo, ocorrido em 2009, o ministério adquiriu mais 23 lanchas. O TCU aponta indícios de direcionamento das licitações e superfaturamento.
A compra das embarcações foi justificada sob a alegação de que serviriam para fiscalizar a costa brasileira e coibir a pesca ilegal. Entretanto, pela lei, não cabe ao Ministério da Pesca exercer tais atividades.