A greve de PMs na Bahia abriu terreno para milícias praticarem uma matança na periferia de Salvador. Os alvos são usuários de drogas, moradores de rua e desafetos dos grupos armados que detêm o controle, de fato, de áreas mais violentas.
As milícias baianas são grupos paramilitares bancados por comerciantes para manter a ordem na periferia. A inteligência da Polícia Civil já detectou que os grupos operam sob proteção de policiais em áreas como Subúrbio Ferroviário, aglomerado de bairros e favelas vizinho à baía de Todos os Santos.
“Esses grupos estão se aproveitando da greve, que reduziu o policiamento, para ‘limpar’ a área e matar quem estava incomodando”, disse à Folha o diretor do Departamento de Homicídios e Proteção a Pessoa, Arthur Gallas.
Segundo ele, há evidências de que milicianos e traficantes de drogas tenham assassinado pelo menos 38 pessoas desde o início da greve da PM, no dia 31 de janeiro.
Até ontem, foram 157 homicídios em Salvador e na região metropolitana. Ontem, a Polícia Civil anunciou a prisão de dois PMs suspeitos de integrar um esquadrão da morte responsável pela chacina de cinco moradores de rua na Boca do Rio, em 3 de fevereiro. São eles os soldados Donato Lima, 47, e Willen Carvalho, 34. Outros dois suspeitos estão foragidos.
Os crimes seguem um padrão. Em geral, as vítimas são surpreendidas na rua, durante a noite, por homens armados com pistolas calibres 380 ou.40 (usada pela polícia na Bahia). Chegam de carro, em grupos de três a seis pessoas.(Estadão.com)