LUÍS AUGUSTO GOMES
Tendo chegado cercada de muito boas referências, à administração municipal já poderia ter ocorrido a constatação de que o estado do piso é fator fundamental para o funcionamento de uma cidade. Nas condições atuais de Salvador, torna-se possível concluir que o assunto vem sendo subestimado.
Temos, é verdade, setores de grande importância, como a saúde, a educação, a limpeza urbana, a exigir ação contínua e eficaz da Prefeitura, mas nenhum tem a amplitude e o significado da pavimentação, que materializa o direito de ir e vir a mover a comunidade.
É pelas ruas e avenidas que passa o transporte público, circulam as mercadorias e as pessoas vão ao trabalho, à escola e ao lazer. No entanto, o que vimos nestes seis primeiros meses do prefeito ACM Neto foi a aparente ausência de planejamento que garantisse a melhor conservação possível às principais vias da capital.
Prefeito paga tributo diário à impopularidade – Todos sabem as condições da Prefeitura após anos de gestão temerária a que foi submetida, assim como todos sabem que há patamares a serem conquistados no trabalho de recuperação física de Salvador, e que muitas vezes uma mera operação tapa-buraco requer tempo firme, com sol.
Entretanto, os órgãos municipais não mostram presteza nas providências. Tem havido casos, em bairros diversos, de buracos que aparecem, se agigantam, causam transtornos ao tráfego e danos aos veículos, e lá permanecem, embora se alternem vários períodos de sol e chuva, como tem acontecido.
Se não há técnicos que enxerguem esse quadro, que pelo menos um marqueteiro se acerque do prefeito para dizer que diariamente, em toda a cidade, sua popularidade cai um pouquinho sempre que motoristas e passageiros veem ou se arrebentam em alguma cratera urbana.
Recuperação requer núcleos descentralizados – Não é o caso de dizer que a Prefeitura não tem recursos e que o recapeamento completo custaria R$ 5 bilhões, como se informou. A administração tem de concentrar esforços para esse trabalho prioritário de recuperação, inclusive descentralizando-o por núcleos operacionais dotados de equipamento e material adequados.
Nota-se na ação municipal a iniciativa de refazer a camada asfáltica de muitas avenidas, com a retirada completa da pavimentação antiga, e esse é um programa que, no futuro, quando for completo ou perto disso, certamente muito agradará aos soteropolitanos.
Nos dias de hoje, porém, a situação requer cuidados emergenciais permanentes, pois a população, que paga impostos e está mais ciosa de seus direitos, está exposta ao risco de acidentes e tem prejuízos financeiros com esse verdadeiro descaso. (Por Escrito)