O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa rebateu nesta quarta-feira, 18, as críticas feitas pelo presidente do tribunal, Cezar Peluso, a ele, à ministra Eliana Calmon, corregedora-nacional de Justiça, e ao futuro da Corte. “O Peluso se acha”, afirmou. “Na verdade ele tem uma amargura. Em relação a mim então…”, acrescentou.
Na entrevista, Peluso insinuou que Barbosa teria alimentado planos eleitorais por conta da relatoria do processo do mensalão. Barbosa negou que tenha algum dia falado sobre pretensões políticas com alguém. “Eles estão inventando essa história. Eu jamais falei com qualquer pessoa sobre candidatura”, disse.
O ministro também saiu em defesa da corregedora-nacional de Justiça. Na sua entrevista, Peluso afirmou que Eliana Calmon não deixará nenhum legado quando terminar seu mandato no Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Peluso e Eliana Calmon entraram em conflito ao discutir os poderes correcionais do CNJ. Peluso queria que o Conselho só abrisse investigações depois que as corregedorias dos tribunais locais investigassem magistrados suspeitos. Eliana Calmon defendia poderes mais amplos, por julgar que as corregedorias locais são, na maior parte das vezes, corporativistas.
“A Eliana ganhou tudo (no embate com Peluso). Ele não sabe perder”, afirmou Barbosa. E, ao contrário da avaliação de Peluso, o relator do mensalão elogiou o trabalho da ministra e disse que ela só não fez mais porque Peluso não permitiu. “Ela fez muito, não obstante os inúmeros obstáculos que ele tentou criar”, disse.
Joaquim Barbosa assume nesta quinta-feira, 19, a vice-presidência do STF. Na presidência, o ministro Carlos Ayres Britto substituirá Peluso. Inicialmente, Barbosa não quis comentar as declarações do colega. Disse que responderia apenas na sexta-feira para não estragar a cerimônia de posse. No entanto, resolveu falar e acrescentou que responderá mais enfaticamente depois da posse. (Felipe Recondo, no Estadão)